Mas a história não é bem assim. A Suécia tem uma das economias mais estáveis do mundo. O país é o 7º do planeta em Índice de Desenvolvimento Humano. A renda per capita é superior a 40 mil dólares anuais. A brasileira, pouco mais de 12 mil. Um olhar mais profundo revela que, no que realmente importa, são os suecos que goleiam o Brasil, e não o contrário.
Indo para a nossa praia, que é a música, o rock e o heavy metal, a coisa então descamba de vez. A cena sueca é não apenas uma das mais prolíficas em número de bandas como, sobretudo, é responsável por revelar ao mundo alguns dos grupos mais interessantes, originais e cativantes surgidos nos últimos dez anos. A lista é longa, bem longa: Opeth, Graveyard, Ghost, In Flames, Soilwork ... Dá pra passar dias citando. O Brasil, apesar de evidentemente contar com uma cena sólida no território da música pesada, está a milhas de distâncias.
O Kamchatka é mais uma banda saída dos limites suecos carregando autenticidade, personalidade e muita qualidade nas costas. Na estrada desde 2001, o trio lançou em fevereiro o seu novo e quinto álbum, The Search Goes On. Formado por Thomas Andersson (vocal e guitarra), Per Wiberg (baixo e vocal, ex-Opeth) e Tobias Strandvik (bateria), o grupo executa um hard rock muito bem feito, de bom gosto e bastante acima da média.
The Search Goes On conta com dez faixas e é o sucessor de Bury Your Roots (2011). A adição de Wiberg, músico reconhecido pelo enorme talento e que entrou na banda recentemente, acrescentou muito ao som do Kamchatka. Se no trabalho anterior já era possível perceber o grande potencial da banda, no novo disco ele fica mais do que evidente. As composições fluem soltas, com arranjos redondos. O trio evidencia a sua experiência, colocando notas, vocais e batidas nos lugares e momentos certos. Não há nada fora do lugar, e toda a excelência demonstrada pela banda faz com que o álbum tenha apenas um destino: o coração do ouvinte.
Em um exercício, é possível definir a música do Kamchatka como um hard rock perfeito para pegar a estrada, com uma evidente influência dos anos 1970 mas que não fica preso no passado. Há grandes performances individuais dos três músicos, que não apenas dominam os seus instrumentos como são, acima de tudo, mestres na fina arte do feeling, da emoção. A banda não pisa muito no acelerador, preferindo investir em andamentos mais cadenciados. É possível perceber, ainda que de maneira sutil, uma certa influência do Bad Company e do Free, esse último principalmente nos momentos mais blues.
The Search Goes On é um grande disco, com ótimas canções como “Tango Decadence”, “Coast to Coast”, “Thank You For Your Time”, "Son of the Sea" e a faxa-título, todas construídas a partir de riffs de guitarra e contando com uma afiada cozinha. Básico, e por isso mesmo tão eficiente e prazeroso de ouvir.
Se faltava motivo para mudar de vez para a Suécia, agora não falta mais!
Nota 8,5
Faixas:
1 Somedays
2 Tango Decadence
3 Coast to Coast
4 Son of the Sea
5 Broken Man
6 Pressure
7 Cross the Distance
8 Thank You For Your Time
9 Dragons
10 The Search Goes On
Por Ricardo Seelig
Ontem mesmo ouvi "somedays", depois de conhecer a banda no newalbumreleases. No youtube, eu tinha entendido que eles fossem russos! rs. Achei "somedays", ainda a única que ouvi, um sonzaço, embora o talento do vocalista eu só tenha percebido após escutar a faixa no fone.
ResponderExcluiro Wiberg era tecladista no Opeth ele ta tocando baixo nesse album?
ResponderExcluirSim, conforme escrito no texto.
ResponderExcluirE falando em Per Wiberg, vale a pena conferir o som do Mojobone, banda onde ele faz os vocais e toca guitarra.
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