Veredito Collectors Room: Adrenaline Mob - Men of Honor (2014)

Esta edição do Veredito Collectors Room é dedicada aos discos lançados durante o mês de março de 2014. Reunimos nossa equipe e analisamos, de forma coletiva, aquele que julgamos ser o principal lançamento do mês. Para nos ajudar, convidamos o editor da Van do Halen, João Renato Alves.

Abaixo, você lê sete opiniões diferentes sobre Men of Honor, segundo álbum do Adrenaline Mob. E já adiantamos: desde que criamos o Veredito CR, essa foi a edição com mais avaliações contrastantes entre si. Divirta-se!


A essa altura, não há o que esperar do Adrenaline Mob. Se em Omertá o então trio formado por Russel Allen, Mike Orlando e Mike Portnoy apresentou aquele hard rock carregado de toques modernos e com dois pés no groove e no nu metal, o (desnecessário) EP Covertá apenas prosseguiu com as mesmas ideias e confirmou de uma vez por todas qual a sua proposta. Sem Portnoy (que definitivamente não faz a menor falta), mas agora contando com o baixista John Moyer (do Disturbed) e o baterista AJ Pero (sim, aquele mesmo que gravou os clássicos do Twisted Sister), o quarteto praticamente tira uma cópia de seu debut em Men of Honor: ou seja, músicas diretas baseadas em riffs cadenciados grooveados e pesadíssimos, acompanhados de letras nada pretensiosas (há quase uma fúria juvenil aqui), unidas pela sempre exemplar competência de Russell Allen. Evidentemente, seria injusto dizer que não funciona. Faixas como “Mob is Back”, “Judgement Day” e “Dearly Departed”, assim como as baladas “Behind These Eyes” e “Fallin’ to Pieces” podem não ser um exemplo de reinvenção da roda, mas apenas reforçam que o Adrenaline Mob nada mais é do que um grupo de amigos tocando hard rock ao seu próprio modo, se divertindo um pouco enquanto suas bandas “sérias” não retomam as atividades. O único cuidado que precisam tomar agora é para que não extrapolem alguns limites e comecem a se repetir exaustivamente, pois Men of Honor já demonstra sinais de embriaguez – e quando a ressaca chegar, ela pode vir com tudo. (Nota 6,5) (Rodrigo Carvalho)

Apresentando melodias mais grudentas e pouca evolução em relação ao seu debut, Omertá (2012), o Adrenaline Mob - agora sem um de seus pilares, o baterista Mike Portnoy - lançou recentemente Men of Honor, seu segundo trabalho de estúdio. Com uma sonoridade baseada no hard rock com doses homeopáticas do prog metal que elevou ao estrelato seus principais líderes, o vocalista Russell Allen e o já citado baterista, substituído aqui por AJ Pero (Twisted Sister), é perceptível que a banda ainda se destaca mais pela individualidade e qualidade técnica de seus integrantes do que pela soma do todo. O disco até que começa empolgando com suas duas primeiras (e boas) músicas, que fazem um ouvinte menos atento como eu esperar por canções à altura daquilo que se imagina de músicos do quilate dos que compõem essa formação e daquilo que a banda nos apresenta a princípio. Porém, o caldo começa a desandar com a inclusão de um número excessivo de baladas açucaradas em seu tracklist e de clichês que, mesmo em canções mais aceleradas como “Feel the Adrenaline” e “House of Lies” parecem ter sido compostas no modo automático. Tudo isso aliado ao timbre de voz de Allen que, a meu ver, ainda soa melhor no estilo que ajudou a propagar com sua banda principal, o Symphony X. Sim, o cara é um dos grandes vocalistas de sua geração e sua qualidade técnica é inquestionável, mas definitivamente sua voz não se encaixa com a proposta e estilo do grupo em grande parte das onze músicas de Men of Honor. Com três lançamentos, sendo um deles um disco de covers - Covertá (2013) - soa até estranho afirmar que este último ainda é o meu favorito em sua pequena discografia. Por isso, Men of Honor ainda fica devendo em qualidade e, se a banda realmente deseja ser considerada como tal e não como um projeto paralelo de seus integrantes nas horas vagas, o Adrenaline Mob precisa rever urgentemente seu direcionamento musical para um eventual terceiro e definitivo disco de inéditas. Ainda é tempo! (Nota 5) (Tiago Neves)

De uns anos para cá, o rock tem vivido um momento de supergrupos. A ideia é simples: três ou quatro músicos fora de série e com nomes já estabelecidos na cena unindo forças em discos vigorosos com sonoridades que, individualmente ou a bordo de suas bandas principais, seriam incapazes de produzir. Em 2011, o metal ganhou o seu supergrupo com uma aliança da pesada entre Russell Allen (Symphony X) e Mike Portnoy (ex-Dream Theater). Após um álbum e um EP de covers, como já era de esperar, o atarefado Portnoy pulou fora, deixando a bateria a cargo de AJ Pero, do imortal Twisted Sister. Tal background me leva a ouvir Men of Honor, o mais recente trabalho do Adrenaline Mob, com atenção redobrada à bateria — tal como fiz quando A Dramatic Turn of Events, primeiro álbum do Dream Theater sem Portnoy, caiu na net pouco antes do seu lançamento. Acostumado com a produção de quinta dos discos do TS — que dá a falsa impressão de que Pero não desce o braço —, me deparo com um som de bateria destruidor, com backbeats que fazem a vibração dos speakers chacoalharem a mesa. Finalmente o seu potencial, o qual eu tive a honra de testemunhar ao vivo, é captado com fidelidade e do jeito que ele sempre mereceu. A forma de tocar eu nem preciso dizer: muito mais direto que Portnoy, Pero acaba atendendo melhor à proposta heavy com passagens que são puro hard rock do grupo. Allen não se cansa de surpreender pela capacidade de adaptação de sua voz, indo do mais "podre" ao mais clean em questão de segundos, e dando o gabarito nas dobras que dão aos refrães a força de um rolo compressor. Das mãos de Mike Orlando ouvem-se coisas como o sabático riff de "Feel the Adrenaline" — aliás, esta aqui tem uma passagem que é basicamente um Alice in Chains acima do peso. "Dearly Departed" conta com um refrão que é leite de burra... e se prepare para um solo absurdo de Orlando, com referências harmônicas que apontam diretamente para os anos 1980, só que com a roupagem atual que todo virtuoso das novas gerações adiciona à mistura. Em Men of Honor, mais do que um bom disco de metal para fãs de metal, o Adrenaline Mob oferece um disco para quem está só começando ou mesmo para aqueles que não possuem ouvidos treinados para o metal. Não prever um futuro pra lá de bacana para o quarteto seria como sair na chuva e não se molhar. Top five de 2014 — pelo menos até agora. (Nota 9) (Marcelo Vieira)

Particularmente, não estou entre os que viram a carreira do Adrenaline Mob afundando com a saída de Mike Portnoy. Embora seja um fenômeno da bateria, sua atribulada agenda acabava se tornando um obstáculo. Mas confesso que fiquei surpreso com a entrada de AJ Pero. Além de ser um músico de características diferentes, o baterista do Twisted Sister não parecia, nem de longe, uma escolha óbvia. Porém, se mostrou um grande acerto em Men of Honor. Uma das críticas que fiz a Omertá era o fato de algumas músicas soarem muito parecidas entre si. Aqui, o problema é resolvido, com salutares experiências e flertes com diferentes segmentos do hard/heavy. Destaco a pegada de “Come On, Get Up”, a belíssima “Behind These Eyes” (candidata a melhor balada do ano) e a excelente faixa-título, misturando o clássico com o moderno de forma brilhante. A maturidade do Adrenaline Mob em Men of Honor é perceptível em todos os momentos. E as mudanças trouxeram o que faltava à banda para se firmar como uma das melhores atualmente. Que o foco não seja perdido, pois muita coisa boa ainda pode sair desta fórmula. (Nota 9) (João Renato Alves)

Groove demais, baladas demais, pretensão demais... Alguns dos motivos que fazem de Men of Honor, álbum novo do Adrenaline Mob, não conseguir dizer muita coisa. Além disso, as 11 músicas - número exagerado - transitam por diversos gêneros, mas não formam uma unidade. Há hard rock, mas não é um disco de hard. Há groove metal, mas não é um disco de groove metal. Há pop, mas não é um disco pop. Há até elementos de new metal e power metal, mas que não configuram um trabalho propriamente desses estilos. Ou seja, um leque de possibilidades, algo bastante salutar, mas que no fim das contas gera só uma salada musical sem muita identidade e sem o poder de cativar. A sorte da banda é contar com Russell Allen (Symphony X, Allen/Lande etc), que toma a dianteira das coisas e, em alguns momentos, ameniza um pouco o marasmo. Em outros, porém, nem o vocalista consegue salvar. Sua atuação é mediana e ainda sofre tendo que interpretar canções de péssimo gosto, bem como pouco inspiradas. Fica nítido que o Adrenaline Mob se propõe a investir pesado na melodia. Em inúmeras ocasiões, contudo, acaba traído e beira algo parecido com um Nickelback ligeiramente mais pesado. Os músicos são técnicos, a gravação é límpida e certeira, mas nada que faça de Men of Honor um grande disco. Indicado apenas para grandes fãs de metal americano moderno que não poupa esforço em soar melodioso, já que isso está no DNA de seus integrantes. (Nota 5,5) (Guilherme Gonçalves)

Men of Honor é um disco divertido. Não vai mudar o mundo, não vai alterar o curso do heavy metal, mas garante uma audição cheia de prazer. O destaque, como sempre, é o fenomenal Russell Allen, que domina a cena do início ao fim. Mike Orlando soa menos fritador que nos dois registros anteriores - Omertá e Covertá -, enquanto o baixo de John Moyer assegura o groove. A substituição de Mike Portnoy por AJ Pero praticamente não é sentida, já que o primeiro tocava de maneira menos rebuscada na banda e Pero segura tudo sem maiores problemas. Com uma das músicas mais grudentas do ano - a chiclete “Come On Get Up” - ao lado de composições sólidas como “Dearly Departed” e “Feel the Adrenaline”, além da boa balada “Behind These Eyes”, o Adrenaline Mob mostra em Men of Honor que tem força para ir além de mera banda paralela de seus integrantes. Bem bom, recomendo! (Nota 8) (Ricardo Seelig)

Em seu primeiro disco sem Mike Portnoy nas baquetas, o Adrenaline Mob parece seguir um caminho bem distante daquele que os transformou em um projeto tão badalado em seu álbum de estreia. Aquele disco era um heavy metal/hard rock clássico que flertava com a modernidade, que sabia usar das raízes de seus integrantes mas sem ser pedante, soando atual, nada datado. Já este segundo álbum vai para um caminho diametralmente oposto - mesmo o experiente vocalista Russell Allen (Symphony X) parece ter uma vontade incontrolável de soar diferente, de ser ainda mais moderno, mais estiloso, de vestir uma nova roupagem. O resultado soa absolutamente equivocado e o Adrenaline Mob sofre, então, de um gravíssimo distúrbio de identidade. A faixa-título, "Men of Honor", por exemplo, tem um espírito power metal, flerta com guitarras duplas em alta velocidade e com bumbos duplos de bateria. Mas, sejamos honestos: o resultado, embora bem executado, não soa nada além de genérico. Em diversos momentos da execução da bolacha, a banda parece querer emular tantas outras: em "Let It Go", o groove da guitarra faz ecos de Rage Against The Machine; "Behind These Eyes" e a balada "Fallin' To Pieces" são nitidamente um Nickelback mais metal; e a boa "Dearly Departed" parece Dave Grohl querendo fazer o Foo Fighters tocar um pouco mais pesado. E "Gets You Through the Night" começa com um assustador jeitão Offspring - nada contra, mas calma, sério que é isso mesmo? O grande problema não é Men of Honor parecer repetitivo, embora, sejamos realistas, ele pareça mesmo. O problema é que ele se pareça realmente genérico. Um perigo que um projeto com o potencial mostrado no álbum inicial não pode correr. Em Men of Honor o Adrenaline Mob força na tentativa de ser moderno, acessível, mainstream. O gosto de novidade fica forçado e amargo demais. (Nota 5) (Thiago Cardim)

Nosso veredito final é 6,8

E você, o que pensa a respeito de Men of Honor? Compartilhe a sua opinião com a gente nos comentários.

Equipe Collectors Room

Comentários

  1. A opinião dos sete convidados vai de encontro a minha: "Men of Honor" é tipicamente aquele álbum "ame ou odeie", assim como o Adrenaline Mob o é.

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  2. O disco tem seus bons momentos isso é inegável, mas eu fico com o primeiro disco que na minha humilde opinião é melhor que este novo álbum deles.

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  3. E quem disse que um disco deve mudar o mundo para ser excelente? Para mim, Men Of Honor é bem superior ao primeiro álbum da banda. O guitarrista parou de fazer solos à velocidade da luz para se exibir e passou a jogar mais para o tim;, A J Pero não tem a técnica do Portnoy, mas sua forma de tocar casou muito bem com o estilo da banda, que é mais visceral; as músicas estão mais maduras e inspiradas; a banda adquire uma personalidade mais definida neste novo trabalho e, o mais bacana, os caras conseguem soar modernos sem esquecer das suas origens, conseguem fazer um som pesado e, ao mesmo tempo, acessível, sem perder a qualidade.

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  4. Interessante as opiniões. Uns falaram no excesso de influências e outro disse que o disco é repetitivo...
    Ainda não ouvi já que estou esperando minha cópia, mas tenho certeza que ruim o disco não é.

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  5. Ao contrário do primeiro álbum, este Men Of Honor está longe de de ser repetitivo, há muito mais variedade, mas sem perder o foco e a homogeneidade.

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