Quiet Riot: crítica de 10 (2014)


Frankie Banali sabia que ressuscitar o Quiet Riot seria um grande desafio, afinal, não se pode substituir um cantor com a voz e a personalidade de Kevin DuBrow (morto em 2007). O que se pode chamar, então, de uma continuação da banda em memória de Kevin acaba de lançar seu primeiro trabalho. 10 traz a estreia de Jizzy Pearl (Love/Hate, Ratt, L.A. Guns) no microfone, além da volta de Chuck Wright, que tocou o baixo em quatro álbuns do QR num passado remoto. A guitarra ficou a cargo de Alex Grossi, o mesmo de Rehab (2006) com passagens por bandas como Bang Tango e Adler's Appetite. 

O repertório traz seis sons inéditos e quatro registros ao vivo da última turnê com DuBrow que, segundo Banali em entrevista ao Loudwire, mostram o quanto Kevin ainda estava no auge. Musicalmente, a parte inédita é uma paulada na orelha, com verdadeira explosão de graves. A bateria soa suprema e domina por completo o fone do lado direito. Face a isto, o vocal de um Pearl mais contido que de costume acaba relegado ao segundo plano. Se bem que essa abordagem mais tímida pode depor a favor do vocalista, já que não são poucos os que o detonam por conta de seus exageros vocais. 

Clássicos a parte, Grossi é muito mais guitarrista que Carlos Cavazo e sua entrega aqui é total, com riffs que inspiram mais metal do que hard e solos nutridos de efeitos e técnicas que seu antecessor não dominava com a mesma expertise. E uma vez que temos a bateria tomando conta, o baixo de Wright também sai ganhando: notas longas, estalos, arremates... sem contar que a sintonia com o backbeat de Banali é tremenda. A linearidade atingida aqui é boa o bastante para evitar destacar uma música ou outra. Se você preza por diversidade, passe longe; aqui, a fórmula se repete das faixas 1 a 6. 

Agora, é preciso ser franco: a iniciativa de preservar o legado de DuBrow através da inclusão de alguns de seus últimos registros ao vivo é louvável — não dá para negar que o cara era um monstro no palco —, mas a qualidade das gravações é incrivelmente ruim. O som, que parece ter sido obtido através de bootleg gravado da plateia, é estourado, possui altos e baixos e mesmo falhas, como se faltasse óleo na bobina do tape. Vale pela importância histórica (?)... mas só por isso também. 

Se vai ser o bastante para manter a banda nos trilhos eu não sei, mas é reconfortante saber que um cara como Frankie Banali, tão fundamental para o gênero musical que é a minha maior paixão, está de volta. Ainda é cedo para dizer se 10 proverá a força necessária para manter a coisa nos trilhos por mais tempo, mas por si só, é motivo de sobra para se comemorar. 

Nota: 7 

01. Rock In Peace 
02. Bang For Your Buck 
03. Backside Of Water 
04. Back On You 
05. Band Down 
06. Dogbone Alley 
07. Put Up Or Shut Up 
08. Free 
09. South Of Heaven 
10. Rock & Roll Medley 

Por Marcelo Vieira

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