Skid Row: crítica de Rise of the Damnation Army (2014)


Pondo fim ao hiato de sete anos que seguiu o fraco Revolutions Per Minute (2006), o Skid Row redescobriu seu apetite criativo e começou a escrever novas músicas, o que resultou em United World Rebellion: Chapter One, o primeiro volume de uma série de EPs, lançado em abril de 2013. Foram cerca de 1.500 cópias vendidas na semana do lançamento nos Estados Unidos. Na Europa, o EP saiu com duas bonus tracks. Na ocasião, Rachel Bolan declarou ao Metalshrine que a banda só queria tentar algo diferente, e acabou pegando todo mundo de surpresa. Devo admitir, Rachel: vocês acertaram em cheio! A bola da vez dá sequência à trilogia. 

Em Rise of the Damnation Army, o formato é o mesmo: cinco autorais inéditas e dois covers. As escolhidas foram “Sheer Heart Attack” (Queen) e “Rats in the Cellar” (Aerosmith). Neste novo punhado de canções, o Skid Row fornece uma recarga headbanger com a testosterona que faltou ao mais recente trabalho de seu ex-vocalista. Pela primeira vez, a formação com Johnny Solinger supera a carreira solo de Sebastian Bach em qualidade e despe, mesmo as viúvas mais ferrenhas do Tião, daquele preconceito, anteriormente fundamentado, com seu substituto — que, cá entre nós, já está na banda há 14 anos, ou seja, mais tempo que o próprio Baz permaneceu nela. 

A outrora youth gone wild, da rebeldia sem causa que sobrepunha um espírito conformista, agora pega em armas. O trato das canções é quase bélico e o efeito, tanto no corpo quanto na mente, após a cerca de meia hora de audição, é de destruição em massa. As guitarras são malvadas (“Damnation Army”); o vocal vai do limpo e amável (até demais na balada “Catch Your Fall”) ao rasgado claustrofóbico como que implorando por resgate, com direito a refrões marcantes (“We Are the Damned”) amparados por backing vocals que não parecem ter sido registrados por caras beirando os 50 anos. E como definir as levadas de Rob Hammersmith? Um selvagem ensandecido em noite de ritual não faria tanto esporro. 

Com poder de fogo supremo, o Skid Row declara guerra nuclear aos que duvidavam que o som pesado de Slave to the Grind não mais corria em suas veias. E munido do pensamento old school de manter o custo reduzido e a qualidade lá no alto, retoma seu posto entre os principais nomes do hard rock “farofa” em atividade, volta a ser prioridade na agenda de seus integrantes e entra com tudo na briga pelo título de melhor disco do ano na opinião deste que vos escreve. Que o capítulo três não demore! 

Nota: 10 

1. We Are The Damned 
2. Give It The Gun 
3. Catch Your Fall 
4. Damnation Army 
5. Zero Day 
6. Sheer Heart Attack 
7. Rats In The Cellar 

 Por Marcelo Vieira

Comentários

  1. Um tema que podia ter um artigo é um pouco do lance do Metallica no Glastonbury. Não com essa coisa manjada de metaleiro com raivinha. Mas de como um evento Hype, Paty-Playba, além de Indie, vê no metallica uma forma de trazer o banger pra um outro nicho: o de simples entretenimento, saindo daquela idolatria que tem meio mais hard rock e metal. Só um som legal pra nóiz curti. E pronto!

    Também dá pra discutir que, um evento totalmente moderninho e que presa pelas frivolidades da última tendência e moda, faz uma aposta surpreendente numa coisa do passado, consolidada, segmentada.

    Será que o mesmo seria possível num evento de metal? Fico olhando pro SWU com um monte de metaleiro atrapalhando o pessoal do Sonic Youth a se divertir, no intervalo entre Down e Megadeth.

    Vide comentários: http://whiplash.net/materias/shows/142969-sonicyouth.html

    Será também que o indie já não tá mostrando um pouco de desgaste?

    Olha o Coachella q comédia:
    http://omoristas.com/2014/02/jovens-hipsters-fingem-conhecer-bandas-que-nao-existem.html

    E o Coachella nos anos 2000 tem a moral do Lolapalooza nos anos 90, do Woodstock nos anos 70 ... como grandes divulgadores de som de suas respectivas épocas.

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  2. CARACAAAA!!!!

    Eu sempre tive preconceito com o Skid Row sem o Sebastian. Fui procurar esse EP novo no Deezer, mas só tinha o EP do ano passado. Que surpresa!!! É muito bom queimar a língua!

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  3. Estive no SWU, e não vi "metaleiro" nenhum atrapalhando ninguém. E o Metallica foi convidado para o Glastonbury,porque o Metallica não é mais uma banda de Metal, simples assim.

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  4. Tb fui no SWU e não vi nada destoante. Foi uma noite de rock pesado. O Sonic Youth ao vivo é uma massa de distorção que ao me ver conviveu bem com Down e Megadeth. Quanto ao Metallica há tempos q a banda transcendeu a barreira do metal e alcançou outros públicos. Tb não vejo o Glastonbury como um fest "indie". Alias esse termo é muito subjetivo. Sobre o post, Skid Row tá mandando bem mesmo.

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  5. Parece que mudanças na música estão acontecendo. Ou no comportamento, moda, cultura pop.

    Jornalista inglesa decreta o fim da tendência hipster

    Especialistas indicam que a próxima febre pode ter a ver simplesmente com... ser normal

    http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/noticia/2014/06/jornalista-inglesa-decreta-o-fim-da-tendencia-hipster-4533780.html

    Teóricos e estilistas afirmam que a cultura hipster está em decadência

    O fechamento de lojas famosas, o declínio de vendas e a mudança do estilo já são traços evidentes

    http://www.opovo.com.br/app/maisnoticias/mundo/2014/06/27/noticiasmundo,3273754/teoricos-e-estilistas-afirmam-que-a-cultura-hipster-esta-em-decadencia.shtml

    The end of the hipster: how flat caps and beards stopped being so cool

    Now that cocktails in jam jars have made it to EastEnders, what's next for those who would be 'alternative'?

    http://www.theguardian.com/fashion/2014/jun/22/end-of-the-hipster-flat-caps-and-beards

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