Within the Ruins: crítica de Phenomena (2014)

No início dos anos 1990, a banda sueca Meshuggah se destacou por mostrar ao mundo um heavy metal repleto de quebras de ritmo, com muito peso e harmonias desconcertantes. Discos como Destroy Erase Improve (1995), Nothing (2002) e Catch Thirtythree (2005) apresentaram novos conceitos, novas ideias, e caíram como uma bomba na cabeça de todo uma geração.

O Meshuggah segue firme e forte e mantendo-se relevante com excelentes registros como Obzen (2008) e Koloss (2012). E seus filhos diretos batem à porta com uma força cada vez maior. 

Na estrada desde o final da década de 2000, a banda norte-americana Within the Ruins segue os passos dos suecos com primazia e enorme talento. Com quatro discos nas costas, o grupo lançou em julho passado o seu mais recente registro, Phenomena. Trata-se de um dos maiores e mais bem trabalhados encontros entre o metal e a … matemática! Sim, você leu bem: matemática. O som do Within the Ruins traduz a trigonometria em acordes, teoremas em riffs, Bhaskara em ritmo. 

Phenomena é um disco excelente, onde o death metal anda de mãos dadas com o groove, com o thrash, com elementos prog, com inovações rítmicas e arranjos criativos. Um álbum que mostra o Within the Ruins dando um passo à frente, encontrando a sua identidade definitiva e demonstranto, por A+B, o porque de ser uma dos nomes mais intrigantes do cenário atual.

Saindo dos números e vindo para o chão, para a terra firme, um dos aspectos que mais gostei em Phenomena foi o uso de um elemento que, para mim, funciona como a cereja do bolo: o teclado. No meio do peso colossal, intervenções certeiras inserem melodia às faixas, tornando-as ainda mais fortes e cativantes.

Trata-se de um dos discos mais intensos e inquietantes que escutei nos últimos meses. Inteligente, cerebral, emocional, agressivo, tudo ao mesmo tempo, ao infinito e além. A instrumental “Enigma” é, fácil, uma das melhores canções de metal de 2014, e as dez faixas restantes seguem este alto nível.

Demais. Ouça, apenas isso.

Nota 9

Comentários

  1. Legal o som, mas tem alguma coisa nessa banda e em outras da mesma linha (Periphery, Protest the Hero) que me fazem achá-las cansativas.

    Não sei explicar exatamente o que. E é até estranho, pois gosto muito do Between the Buried and Me, outra banda altamente técnica mas que, ao meu ver, faz um som mais agradável de se ouvir.

    Abraços!

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  2. O grande problema das bandas de math rock é que, rapidamente, elas caem numa fórmula.

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