Melechesh - Enki (2015)

A inserção de elementos étnicos ao heavy metal é responsável por alguns dos discos mais interessantes lançados nas últimas décadas. Do clássico Roots (1996) à bandas como o Orphaned Land, a adição de características da cultura local dos artistas (ou vindas de outras origens, não importa) imprime não apenas personalidade própria para as bandas, como também desvenda caminhos insólitos e improváveis para o metal, alcançando resultados, na maioria dos casos, excelentes.

O Melechesh é uma banda israelita na ativa desde 1993. O grupo já lançou seis discos, sendo Enki, o objeto desta análise, o mais recente dos seus álbuns. Lançado em 27 de fevereiro passado, o trabalho é o sucessor de The Epigenesis (2010). A praia do Melechesh é um black metal que não tem receio algum de soar melodioso, porém faz isso de maneira bastante original, inserindo elementos da música mediterrânea, indiana e oriental. Como parâmetro de comparação, e apenas para isso, é um trabalho similar à associação do Behemoth à cultura egípcia em discos como Demigod (2004) e The Apostasy (2007), porém sem toda a pomposidade da banda polonesa.

Enki é um disco excelente. Daqueles álbuns que renovam a paixão de todo e qualquer headbanger pela música que faz parte da minha, da sua e das nossas vidas. A abertura com “Tempest Temper Enlil Enraged” já deixa clara a ambição e o objetivo da banda, que vai do peso, agressividade e velocidade do metal à riqueza e melodia da música oriental com extrema naturalidade, impressionando de imediato. Com canções excelentes e um primoroso trabalho de composição, o álbum possui uma musicalidade apaixonante e vibrante, fatores realçados pela produção primorosa. Sem exageros e sem precisar recorrer a elementos barrocos, o Melechesh alcançou um resultado final do mais alto nível.

Ainda que todas as faixas mereçam elogios, algumas acabam se destacando das demais. É o caso da já citada canção de abertura, “Multiple Truths”, a sensacional “Enki - Divine Nature Awoken” e a divina “The Outsiders”, uma viagem sonora de mais de 12 minutos de duração. Demonstrando toda a versatilidade e talento dos músicos, ainda somos brindados com “Doorways to Irkala”, canção instrumental que explora a temática proposta por todo o disco e leva o ouvinte à uma região remota do Saara.

Enki é o primeiro grande álbum de metal que ouço em 2015. E, mesmo estando apenas no início de março e isso soando um tanto precipitado, afirmo que se trata não apenas de um dos melhores álbuns que o gênero ganhará este ano, mas também entra na lista de grandes discos lançados nos anos recentes.

Excelente!

(Ah, e a capa é linda!)

Nota 9,5

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