Van Halen - Tokyo Dome Live in Concert (2015)

Álbuns ao vivo são uma espécie de documento sonoro. Além do registro de turnês e datas específicas e marcantes, funcionam como atestados de como uma banda é em cima de um palco, realçando qualidades e características que muitas vezes ficam escondidas nos discos de estúdio (vide as jams do Deep Purple, a imprevisibilidade do Led Zeppelin, a energia do Iron Maiden e por aí vai).

Tokyo Dome Live in Concert é o segundo ao vivo lançado pelo Van Halen em toda a sua carreira, o primeiro com David Lee Roth nos vocais. Antes, o grupo havia colocado nas lojas Live: Right Here, Right Now (1993), na época em que Sammy Hagar era o responsável pela voz do quarteto. O disco é o registro da turnê de retorno da banda e de Roth, e promoveu A Different Kind of Truth, trabalho de 2012. O registro traz 25 faixas e foi disponibilizado em CD duplo e LP quádruplo.

Há alguns problemas em Tokyo Dome, e o principal é aquele que deveria ser um dos principais atrativos do play. A voz de David Lee Roth está horrível na maioria das faixas, constrangedora pra dizer o mínimo. Desafinado, sem fôlego, o vocalista “canta" e faz a audição se tornar um martírio. Nesse aspecto, a produção, assinada pela própria banda, tem a sua parcela de culpa, pois soa crua demais, entregando um registro que, aparentemente, não passou por nenhum ajuste de pós, como overdubs e afins (infelizmente, um recurso bastante comum na maioria dos álbuns ao vivo). David Lee Roth é um excelente frontman, um bruxo em cima do palco, e sua performance nos shows, quando você está frente a frente com ele, acaba fazendo com que a carência vocal fique em segundo plano. No caso de um disco ao vivo, o áudio é tudo o que temos, e essa deficiência se intensifica consideravelmente. 

O restante da banda segura os pontas, como era de se esperar. Eddie é um dos maiores e mais influentes guitarristas da história, e segue afiado. Suas bases e solos - que muitas vezes se confundem e se entrelaçam, tamanha a destreza do holandês/americano - são um dos pontos fortes de Tokyo Dome, como não poderia deixar de ser. Seu irmão Alex, também um instrumentista acima da média, vai bem na bateria, ainda que soe um tanto abaixo do que já apresentou no passado. E seu filho, Wolfgang, não compromete no baixo, apesar de haver uma perceptível perda nos backing vocals, uma das principais qualidades de Michael Anthony, antigo titular do posto.

O álbum passa por toda a carreira do Van Halen em uma viagem sonora cansativa, principalmente pela péssima performance de Roth. Um setlist mais curto seria mais eficiente, assim como um ganho considerável na qualidade vocal de David. Ainda que o Van Halen com Roth e com Hagar soe como bandas bastante distintas uma em relação à outra, é impossível não comparar este disco como o ao vivo de 1993, e o álbum de duas décadas atrás ganha de goleada em todos os quesitos.

Decepcionante em grande parte de sua duração, cansativo, constrangedor e totalmente dispensável: este é Tokyo Dome. Passe longe, pelo bem dos seus ouvidos.

Nota 2

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