Wino & Conny Ochs - Freedom Conspiracy (2015)

Scott “Wino” Weinrich, a má vontade e a alma por detrás do Saint Vitus, vem tornando seus projetos paralelos tão interessantes quanto o que já fez junto de sua banda principal. Dentre ótimas bandas como The Obsessed e Spirit Caravan até projetos inusitados, caso do The Songs of Townes Van Zandt, Wino & Conny Ochs é mais um de seus trajetos por caminhos além do estilo que o consagrou como músico e compositor.

Freedom Conspiracy, segundo disco de sua parceria com o músico alemão Conny Ochs, prossegue pelos mesmos caminhos sonoros de sua ótima estreia, Heavy Kingdom. Para aqueles que caíram de paraquedas e não sabem do que esse projeto se trata, imagine o melhor do universo blues do Mississipi Delta e passagens country, tudo isto embalado em uma musicalidade envolvente, de instrumental enxuto e uma produção rústica na medida certa, como estes gêneros pedem.

O disco soa como uma honesta homenagem aos gêneros que deram forma aos parâmetros musicais dos músicos envolvidos. A voz soturna e grave de Wino, antes ameaçadora e volumosamente soturna à frente do Saint Vitus, ganha um sentido totalmente diferente, entoando músicas que parecem evocar o espírito autêntico do blues e do country, como a fase de Johnny Cash na série American Recordings e até Willie Nelson. Por sua vez, Conny Ochs serve como contraponto perfeito a Wino, com uma voz que se impõe mas é, ao mesmo tempo, mais acessível aos ouvintes casuais.

O instrumental é fiel ao estilo que se propõe a executar. Nada de intervenções de instrumentos exóticos e técnica apurada, muito pelo contrário. Tudo é feito de maneira simples, passando um clima rústico, mas ao mesmo tempo acolhedor. Os instrumentos de corda, como o violão e a slide guitar, ambos cortantes e ríspidos, prestam-se a executar bases simples e solos curtos, porém marcantes, servindo de contraponto às belas interpretações vocais de Wino e Conny Ochs. Algumas guitarras sem distorções podem ser percebidas no decorrer da audição, mas nem de longe são os protagonistas, mas sim coadjuvantes de peças instrumentais soberbas.

Freedom Conspiracy exala autenticidade e qualidade a cada minuto de sua audição, passando do blues de raiz (“Time out Black Out”), momentos onde a melodia constrói trechos incrivelmente tocantes (“Freedom Conspiracy”, “The Great Destroyer”) até músicas que caberiam perfeitamente em uma playlist familiar (“Sound of a Blue”, “Foundation Chaos”). Freedom Conspiracy é daqueles discos que ficam na memória por um bom tempo depois de findada sua audição. Franco candidato ao pódio das listas de melhores do ano, facilmente.

Nota 10

Por Alissön Caetano Neves, do The Freak Zine

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