Os melhores discos lançados em outubro segundo o About Heavy Metal


Outubro é tradicionalmente um dos melhores meses em se tratando de lançamento de álbuns de heavy metal, e 2015 não foi exceção. Muitos títulos poderiam figurar no nosso top 5 do período, em uma disputa sadia e que tem um único vencedor: o ouvinte.


Deafheaven - New Bermunda

Sombrio e belo, estridente e cintilante, torturante e confiante. New Bermuda traz 46 minutos de uma sensação que se assemelha a dirigir contra a chuva em um carro com o para-brisa quebrado. Os vocais dolorosamente agressivos dão o tom e, como as guitarras, muitas vezes vão da violência a momentos mais suaves, em redemoinhos sonoros donos de uma beleza singular. New Bermuda é mais consistente e mais refinado que Sunbather. Os elementos de black metal são mais sutis, mas seguem presentes. No entanto, é a grandeza do disco que emoldura as letras do vocalista George Clarke, repletas de desilusão e desencanto. Não há demônios e nem feitiçaria aqui, exceto aqueles que residem dentro de nós mesmos.


Clutch - Psychic Warfare

Em Psychic Warfare, o Clutch tira fora dois elementos fundamentais de sua música: os riffs espetaculares e aquela que talvez seja a melhor seção rítmica da atualidade. No lugar, surge o storytelling inimitável do vocalista Neil Fallon, ancorado em um ar de superioridade bluesy. O disco traz a banda norte-americana entregando uma das melhores performances de sua carreira em um álbum altamente infeccioso e agradável. Eles partiram do topo alcançado no trabalho anterior, Earth Rocker, e não é preciso raio-x para enxergar o belíssimo resultado alcançado.


Kylesa - Exhausting Fire

O Kylesa já está aí há um bom tempo, e com seu sétimo disco a banda mostra que continua amadurecendo. O álbum apresenta a mais variada coleção de canções do grupo até agora, e é uma espécie de tour de force auditiva. Talvez a melhor faixa é a que soa mais familiar, “Lost & Confused”. Os efeitos no vocal de Laura Pleasant navegam por cima de riffs feitos sob medida para bater cabeça, em uma das melhores músicas que a banda já gravou. O Kylesa continua evoluindo treze anos após a sua estreia, e mostra que está longe de esgotar a sua criatividade.


Vhol - Deeper Than Sky

Com integrantes do YOB, Agalloch e Hammers of Misfortune, o Vhol executa uma enegrecida mistura entre thrash e punk. Em seu segundo álbum, a química entre os integrantes permanece absoluta, com a banda ajustando o seu estilo e adicionando doses ainda maiores de metal na receita. O Vhol poderia ser uma atração limitada, como um grupo de amigos se divertindo e tentando fazer algo legal em um curto espaço de tempo. Mas, em vez disso, se transformou em uma banda legítima e capaz de andar com as próprias pernas. Isso não é tanto uma evolução, parece mais uma reformulação, renovando o seu som original com recursos atualizados. Deeper Than Sky mais do que iguala o alto padrão de qualidade apresentado pelo grupo até agora, é um grande disco.


Horrendous - Anareta

O Horrendous fez um estrago sério no death metal com o seu disco anterior, Ecdysis. Anareta chega quase um ano mais tarde e prova que o trio está apenas começando a arranhar a superfície de seu imenso potencial. O novo trabalho dá um passo gigantesco em relação ao anterior, explorando novos domínios em uma progressão admirável. As raízes permanecem fortemente fincadas no death, mas muitas vezes a banda se aventura para bem longe, trilhando as searas do black metal melódico e até mesmo do power metal. Elementos de thrash, uma saudável ambição e o sentimento épico do heavy metal clássico completam uma união complexa de gêneros. Essa complexidade, no entanto, é traduzida e decodificada através de dos elementos básicos do death metal: riffs pesados e agressivos, solos ardentes e um poder sonoro violento. O Horrendous está surgindo como uma possível lenda do futuro, fiquem de olho.

(tradução de Ricardo Seelig)

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