Dystopia, décimo-quinto álbum do Megadeth, marca o início de um novo período na carreira da banda norte-americana. Após seis anos tendo Chris Broderick como companheiro nas seis cordas e uma década ao lado do baterista Shawn Drover, Dave Mustaine agora conta com Kiko Loureiro e Chris Adler ao seu lado (o baixista David Ellefson completa o line-up). E mexer em metade do time, logicamente, traz consequências.
Mesmo sendo um dos nomes pioneiros e mais influentes do thrash metal, o Megadeth mostra-se distante do gênero em seu novo álbum - aliás, como vem acontecendo há um bom tempo. Dystopia soa como um disco de heavy metal atual, contemporâneo e bem agradável aos ouvidos.
Alguns aspectos saltam aos ouvidos. O primeiro, e talvez mais marcante, seja a grande quantidade de trechos pautados pelo uso de guitarras gêmeas e solos, como se Mustaine e Loureiro se desafiassem de maneira constante durante todo o álbum. Isso faz com que Dystopia acabe se destacando em relação aos discos recentes do Megadeth, trazendo de volta a riqueza musical e técnica que sempre marcou a carreira de Dave Mustaine. Instrumentista de mão cheia, o líder da banda parece se sentir desafiado por Kiko Loureiro, sabidamente dono de imensa técnica - ouça “Post American World” e perceba isso que acabei de dizer. O resultado é um brinde pra quem curte a banda e um trampo afiado nas guitarras.
O outro ponto já não é positivo, principalmente no meu modo de ver. Em minha vã inocência, esperava ouvir em Dystopia a exuberância percussionista onipresente no Lamb of God, mas Chris Adler soa de maneira distinta no Megadeth. Isso me frustrou um pouco, porque acredito que o modo de tocar característico de Adler acrescentaria muita agressividade ao Megadeth, renovando ainda mais a sonoridade da banda. No entanto, mesmo com essa pequena decepção, é inegável que o baterista apresenta uma performance consistente, saindo de sua zona de conforto e mostrando uma nova abordagem, mais convencional, de seu instrumento.
Dystopia tem uma produção com timbres que me levaram de volta a Countdown to Extinction (1992). As guitarras soam um pouco saturadas, principalmente na execução das bases. Bateria e baixo constróem uma camada sólida e perfeitamente audível, que sustenta os vôos de Mustaine e Loureiro.
De um modo geral temos uma coleção de boas composições, com ideias interessantes durante todo o disco. O resultado final é um álbum forte, que vai muito além da simples curiosidade em ouvir como o Megadeth soaria com Kiko Loureiro e Chris Adler. A resposta é simples e direta: soa bem e rejuvenescido, com um foco maior nas guitarras, que são protagonistas durante todo o trabalho. Esse fato realça a tradição heavy metal da banda, e deverá agradar bastante os fãs.
Veredito: um bom disco, que proporciona uma audição gratificante.
Comentários
Postar um comentário
Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.