Entre todos os integrantes do chamado True Norwegian Black Metal, Abbath talvez tenha sido o que ficou com a imagem mais caricata nos últimos anos. Não me entendam mal: isso não se deu pela música em si, mas sim pela imagem do guitarrista e vocalista do Immortal. Sua icônica maquiagem, bem como a prestatividade em posar para fotos bem humoradas (ainda que algumas dessas imagens sejam fruto de um humor involuntário), transformaram Abbath em um dos maiores memes musicais dos últimos anos. Um status um tanto injusto, visto que Olve Eikemo (seu verdadeiro nome) possui papel central e determinante na trajetória do Immortal e do próprio black metal norueguês.
Abbath, sua estreia solo, foi lançada em 22 de janeiro pela gravadora francesa Season of Mist e traz o vocalista e guitarrista acompanhado por King ov Hell (baixo, Gorgoroth, Audrey Horne), outro dos grandes nomes da cena norueguesa. Kevin Foley, baterista que atende pelo codinome de Creature e tem passagens por bandas como Decapitated e Sabaton, completa o time que gravou o disco. Trata-se de um álbum que, de acordo com declarações do próprio Abbath, é composto por canções que eram destinadas ao próximo disco do Immortal, mas que com a sua saída da banda acabaram sendo aproveitadas aqui.
O que temos nas oito faixas (dez na versão deluxe) é um black metal que não soa muito distante da típica sonoridade da cena norueguesa, mas que consegue, ao mesmo tempo, soar contemporâneo e atual. A parceria entre Abbath e King ov Hell, músicos rodados, experientes e, acima de tudo, protagonistas da construção da típica sonoridade do metal extremo escandinavo, renova elementos como os clássicos riffs cíclicos de guitarra, os onipresentes blast beats e o clima épico tão natural à carreira de Abbath.
A escolha por uma produção e mixagem mais atuais e distantes da rispidez e crueza comuns aos discos clássicos de bandas da mesma geração dos músicos envolvidos é um acerto a ser elogiado. O próprio Immortal estava trilhando caminho semelhante em seus últimos álbuns - All Shall Fall (2009) é um ótimo exemplo -, e ainda que isto retire o ar gélido penetrante das canções, compensa com peso e muito mais profundidade sonora, em todos os aspectos.
Com uma coleção de faixas fortes e consistentes, Abbath alcançou um resultado digno de nota em sua primeira experiência solo. O disco é muito bom, atestando a forte herança da árvore genealógica natural da Noruega, profundamente influente em toda a cena do metal extremo.
Excelente!
Comentários
Postar um comentário
Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.