Robb Flynn posta vídeo criticando duramente a atitude racista de Phil Anselmo


Robb Flynn, vocalista e guitarrista do Machine Head, publica uma série de textos e vídeos dentro de seus The General Journals: Diary of a Frontman … and Other Ramblings. 


O músico soltou um vídeo criticando duramente a atitude racista de Phil Anselmo ocorrida no último dia 22 de janeiro durante a edição deste ano do Dimebash.

Um trecho da fala de Flynn: "Adeus, Phil Anselmo. Nunca mais tocarei uma música do Pantera enquanto estiver vivo. Se tivermos lugar para racismo no metal, estou fora. Não quero fazer parte disso.”

O vídeo completo pode ser assistido abaixo:




A transcrição completa da declaração de Robb pode ser lida abaixo:

E aí estão as últimas palavras do Dimebash 2016: White Power. O que era, aparentemente, uma piada, pois estavam bebendo vinho branco nos bastidores. Entenderam? Vinho branco, poder branco. Estávamos ouvindo “White Christmas” no backstage, então ele decidiu gritar aquilo.

Eu estava lá e posso afirmar que não havia um Chardonnay ou Pinot Grigio. Na verdade, a única coisa que você estava bebendo, Phil Anselmo, era Becks, uma cerveja alemã. Talvez a piada tenha vindo daí, não? Entendeu? Cerveja alemã, poder branco. Histérico.

Em primeiro lugar, quero aplaudir Chris R, o corajoso YouTuber que colocou essa inflamatória ação no ar, após ter editado originalmente. Entendo porque ele fez isso, era demais para acreditar. De certa forma, isso não deveria ser visto. Mas agradeço por ter decidido fazer a coisa certa, mesmo sabendo que precisaria enfrentar a ira da comunidade metálica. Mais de mil comentários no YouTube, outros quinhentos no Blabbermouth. Tiveram que fechar a caixa de comentários. Mesmo coisa no MetalSucks, que fez um pertinente editorial sobre não deixar Phil Anselmo passar incólume novamente.

O mais louco é que a maioria das pessoas dizem que devemos deixar passar, nos chama de PC Police, time da justiça social, falam que precisamos deixar de ser maricas quando alguém grita “white power” e faz saudações nazistas, liberais isso, liberais aquilo. Só no Metal isso acontece. Fosse Chad, do Nickelback, Justin Bieber, Tom Brady ou Lars Ulrich, cabeças iriam rolar. Imaginem o que aconteceria se Lars Ulrich gritasse “white power” no palco. Talvez ele até arrumasse alguns apoiadores, com aqueles argumentos idiotas de porque não ter orgulho branco se há orgulho negro.

Quem pensa assim, precisa de umas aulas de história. Brancos nunca foram oprimidos por negros na América. Negros possuem uma longa história, não apenas de escravidão, mas de opressão nacional, estadual, municipal, de seus condados e vizinhos. Posso afirmar, vivendo no norte da Califórnia. Comprei minha segunda casa, que hoje alugo. No contrato de 1950 está escrito: “Negros não podem morar nessa vizinhança”. Isso em um local chamado Pleasant Hill. Talvez não fosse tão prazerosa se você fosse negro. Esta é a diferença. Não vou nem entrar na história do racismo, dos negros que foram vendidos pelo próprio povo africano… Vamos nos centrar na vida atual, os últimos quarenta, cinquenta anos. Nenhum branco foi oprimido por um negro. Ao contrário. Não é legal gritar “poder branco” e depois falar em piada sobre vinho branco, quando não havia nenhum.

O fato é que estive no Dimebash e me diverti muito. Toquei com Dave Grohl, interagi com Zakk Wylde, Robert Trujillo, Dave Lombardo… Foi uma grande vibe. Quando estava nos bastidores, trombei com Phil e decidi começar uma conversa, já que tocaríamos duas músicas do Pantera juntos. Excursionamos duas vezes em parceria, no ano de 1997. Em trinta segundos de bate-papo ele, bêbado, achou interessante dizer que odiava a “era negra” do Machine Head, referindo-se ao nosso terceiro álbum, The Burning Red. Disse que odiava cada segundo com paixão, além de nosso estúpido visual. Apenas ri em sua cara. Querer me julgar pelo visual e a música do passado? (Nota: neste momento, aparece na tela uma foto da fase “glam” do Pantera).

O mais incrível de tudo é que estamos com medo de falar. O próprio Chris R teve receio de publicar o vídeo. Eu estou com medo enquanto faço esse. Pois isso faz lembrar todas as vezes em que nós usamos a expressão “nigger”. E eu já a disse antes, quando tinha meus vinte anos. Mas, em algum ponto da vida, você muda. Acabamos discutindo, dentro da banda, se deveria responder a tudo isso ou não. E o que me fez sentir força é que eu estava no palco com você, Phil. E agradeça que eu já tinha saído quando você disse aquela merda estúpida. E ninguém fala nada.

Sei desse seu comportamento de gritar “sieg heil” e usar expressões de poder branco em várias turnês. Muitas pessoas me contaram isso. Pergunto porque não falam nada e eles respondem que amam o Pantera e não querem começar encrenca com você, pois é um cara grande, assustador. Mas chega. Acabou. Há certo tempo, não me sinto mais conectado com a comunidade do Metal. E é justamente por não entender como esse tipo de merda é tolerada, aceita. Devemos linchar Phil Anselmo e decapitá-lo? Não. Todos podem falar esse tipo de coisa. Você vive na América. Tem liberdade de expressão. Mas isso não o poupa de críticas. Pois você errou. Quem não se sentiu ofendido que vá se foder. Não há espaço para isso no Metal. Se houver, me cortem fora.

Adeus, Phil Anselmo. Nunca tocarei uma música do Pantera novamente enquanto estiver vivo. E para quem apoia esse tipo de atitude, até logo. Me cortem fora. Não quero mais fazer parte disso.


(Tradução: João Renato Alves, da Van do Halen)


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