Sou um leitor assíduo de quadrinhos, mas nunca havia lido mangás. Com o relançamento de Vagabond no Brasil, resolvi experimentar esse universo. Vamos a ele.
Vagabond é um dos mangás mais clássicos já lançados. Ele é escrito e desenhado por Takehiko Inoue (Slam Dunk) e começou a ser publicado em 1998. A trama conta a história de Miyamoto Musashi, um dos mais famosos samurais da história, que viveu entre 1584 e 1645. Inoue se inspirou na biografia de Musashi para escrever o mangá, que contém algumas partes ficcionais mas é em boa parte muito fiel à história real.
Apesar de ter a sua publicação iniciada há quase vinte anos, Vagabond segue sendo produzido e está atualmente no volume 37 no Japão. Aqui no Brasil foi lançado inicialmente pela Conrad em 2001, que publicou 45 volumes com 112 páginas até 2006, quando interrompeu a série. Entre 2005 a 2007 a mesma Conrad trouxe mais 14 volumes de Vagabond, em formato maior e com 224 páginas capa, também interrompendo a sua publicação. E a Nova Sampa colocou quatro volumes nas bancas em 2014, com 198 páginas cada, parando logo em seguida. Segundo dados do site Guia dos Quadrinhos, mesmo com toda essa confusão de editoras Vagabond foi publicado no Brasil até o equivalente à edição 22 original japonesa.
A boa notícia é que a Panini conseguiu os direitos e está republicando Vagabond no mercado brasileiro. A julgar pela qualidade da editora, que é a líder no mercado de quadrinhos nacional e conseguiu organizar a publicação de outros títulos que tinham uma cronologia bastante confusa por aqui como Preacher e Patrulha do Destino, podemos esperar um trabalho não apenas de qualidade, mas que traga, finalmente, toda a saga para o público brasileiro.
Esse novo início se deu a partir de fevereiro de 2016, quando o número 1 de Vagabond voltou às bancas de todo o país. A edição da Panini tem o formato 13,5x20cm, 256 páginas por volume, circulação mensal e é em preto e branco (a segundo edição traz um poster como brinde). Aqui, um parênteses: a Panini segue o original japonês, que é predominantemente em P&B, trazendo esporadicamente algumas páginas coloridas, que também estão presentes nas novas edições nacionais. Com acabamento de luxo, as novas edições possuem lombada quadrada, capas com aplicação de verniz, orelhas com poemas e textos escritos pelo próprio Takehiko Inoue, glossário de termos e foram impressas em papel offset de boa gramatura. Tudo isso deixa a arte, que é absolutamente incrível e detalhista, ainda mais impressionante.
Como disse lá em cima, nunca havia lido um mangá antes. Tem toda essa história de a leitura ser de trás para frente, com a direção dos balões indo da direita para a esquerda, essa coisa toda. Mas são aspectos que você assimila facilmente com o decorrer da trama, e logo nem percebe mais a mudança.
A história de Miyamoto Musashi é apaixonante, contendo diversos elementos que tornam a leitura cativante: lutas, duelos, questionamentos pessoais, romance, amizade, tudo amarrado com os valores da sociedade medieval japonesa, o que imprime uma bem-vinda profundidade para a trama. A arte de Inoue, como já dita, é de cair o queixo, tornando cada virada de página uma surpresa de encher os olhos.
Comprei os quatro primeiros volumes de ume só vez, e os devorei em dois dias. No primeiro, somos apresentados aos personagens. No segundo, temos Musashi conhecendo o monge que mudará sua vida e valores. No terceiro, vemos o samurai desafiando toda uma academia de espadachins, e no quarto somos apresentados às consequências de suas atitudes. Tudo amarrado com um texto inspirado e ilustrações antológicas.
Vagabond é realmente obrigatório. Uma história linda e inspiradora, que vai muito além da diversão de um mero quadrinho e é capaz de, volume a volume, mudar o modo de vida e de pensar do leitor. Aproveite que a série está sendo republicada no Brasil e faça como eu: comece a devorar a história de Miyamoto Musashi. Vale a pena, garanto!
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