Morphine: a trágica história de uma das mais inovadoras bandas da década de 1990


Formar uma banda de rock and roll sem a presença sonora da tão amada guitarra parece algo impensável. Formar uma banda de rock, no auge da era grunge na primeira metade da década de 1990, sem a presença da guitarra, seria ainda mais inimaginável. Não para a mente genial e criativa de Mark Sandman.

O grupo formado por Sandman era composto por apenas um contrabaixo, um saxofone e um kit simplificado de bateria. A voz de barítono de Sandman, reproduzindo a beleza das notas graves, completa a sonoridade. E o resultado, acreditem, é fabuloso.

O brilhantismo do seu criador e a formação pouco usual fez do Morphine aquele tipo de banda rara, hoje extinta que, com pitadas de blues, jazz, funk e muita poesia. O trio apresentou ao mundo um rock and roll único, cheio de sensações, provavelmente nunca ouvido antes e que provavelmente nunca se escutará novamente.

A simbiose dos integrantes era perfeita. O sax de Dana Colley, ao invés dos comuns solos de sopro, produzia riffs de peso. Sim, isso mesmo, riffs saxofônicos, que fluíam harmonicamente com o timbre da poderosa voz de Sandman. O baterista Billy Conway tinha a sensibilidade exata e a competência necessária para dar sustento ao espetáculo. 

Seja com a empolgante “Honey White”, a melancólica e introspectiva “Souvenir”, a badalada “Buena” ou a embriagada “Super Sex”, o Morphine presenteou o ouvinte com pérolas texturizadas, causando sensações diversas durante a audição.   


Originários de Cambridge, em Massachusetts, o Morphine lançou seu primeiro long play, Good, em setembro de 1992 e teve uma boa receptividade do público e da crítica. Cure for Pain, que chegou às prateleiras um ano depois (em setembro de 1993), atingiu o sucesso comercial e Yes (lançado em março de 1995) consagrou a popularidade do grupo. 

A banda manteve-se praticamente independente até 1997, quando assinou com a DreamWorks Records e entregou o quarto LP, Like Swimming, em março daquela ano. Completa a discografia do grupo a excelente obra The Night, gravada em 1999 e lançada somente em fevereiro de 2000. 

Mark Sandman, tristemente, teve um colapso enquanto se apresentava num show na Itália no dia 3 de julho de 1999 e faleceu. A história detalhada do Morphine pode ser vista no ótimo documentário Journey of Dreams, lançado em 2014.   

O legado artístico deixado pelo grupo supera qualquer expectativa e vale muito a audição. 

Podem se dopar de Morphine. Essa é da boa e faz bem. 

Por Ian Pablo Gomes

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