Popestar, lançado em 16 de setembro, é o segundo EP do Ghost - o primeiro lançamento neste formato, If You Have Ghost, saiu em 2013. Ambos possuem temática similar: uma música própria e quatro versões para canções de outros artistas, em uma tradição que teve início com o single “Here Comes the Sun”, liberando em 2011 e que trazia os mascarados relendo um dos maiores clássicos dos Beatles. A produção é de Tom Dalgety (Opeth, Pixies, Royal Blood).
Como dito, são cinco faixas: a inédita “Square Hammer” e as releituras para “Nocturnal Me” do Echo & The Bunnymen, “I Believe” do Simian Mobile Disco, “Missionary Man” do Eurythmics e “Bible" do Imperiet.
A banda sueca faz parte daquele grupo de artistas que consegue imprimir sua forte identidade sonora não apenas nas suas próprias criações, mas também ao se aventurar por canções alheias. Como já havia feito em If You Have Ghost, o grupo pega para si as faixas coverizadas e faz as músicas soarem como se fossem suas. O resultado final é superior as gravações originais, ainda que duas das releituras sejam para ícones do pop dos anos 1980.
Mantendo a atmosfera predominantemente climática e teatral característica, o Ghost brinda os fãs com cinco novas músicas que mantém a alta qualidade que já faz parte da carreira de Papa Emeritus e sua turma (uma dica: apesar de mudar de nome a cada novo disco - Papa Emeritus I, II e III -, o vocalista é o mesmo desde o início e atende pelo nome verdadeiro de Tobias Forge). Muito além de gueto do heavy metal, o Ghost caminha passo a passo na construção de uma carreira interessantíssima, inserindo elementos góticos, progressivos e do pop em sua música, tornando-a cada vez mais rica.
O aspecto cênico, com as maquiagens e figurinos e o mistério em torno da identidade dos integrantes, é a cereja do bolo. Some-se a isso a capacidade de criar canções cativantes, com riffs fortes e lindas passagens repletas de melancolia, e temos algo único no cenário da música.
Entre as faixas de Popestar destaque para a grudenta “Square Hammer”, para o clima e arranjos sombrios de “Nocturnal Me” e a beleza dolorida de “Bible”, que fecha o disquinho entregando um dos momentos mais altos da carreira da banda.
Mesmo não tendo o impacto de um álbum completo, Popestar mostra a força do Ghost e evidencia a história singular que a banda está construindo. Não é metal, não é rock, não é pop: é apenas música, e de ótima qualidade, cada vez mais.
Por Ricardo Seelig
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