O rock dos anos 2000 deu errado?


Nos últimos dias, acompanhamos o lançamento de dois novos discos de bandas que surgiram na década. São nomes que tiveram exposição após o sucesso mundial do Strokes e seu Is This It (2001). Talvez seja a última geração de bandas de rock a adentrar em algum nível no mainstream da música mundial - salvo exceções como o Foo Fighters, é claro.

O Kings of Leon, banda que lançou seu primeiro disco em 2003, chega agora com Walls, que mantém a fórmula rock de arena que a banda adotou a partir do álbum Only by the Night (2008), e que resultou em dois discos irregulares na sequência: Come Around Sundown (2010) e Mechanical Bull (2013). O novo disco até apresenta um som mais consistente, em comparação com os últimos lançamentos da banda, mas sem grandes novidades.

Outro lançamento é o novo disco do Kaiser Chiefs, banda que estreou com Employment (2005), e que no novo Stay Together se rende definitivamente a um som mais acessível, que já estava se configurando nos álbuns anteriores, especialmente em Education, Education, Education & War (2014).

Surgidas na mesma década, podemos citar outros dois nomes que também deram guinadas para um som mais pop e comercial: o Coldplay, e em um menor grau de exposição, o Bloc Party. Essa mudança na sonoridade fica latente nos singles "Sky Full of Stars", do Coldplay, e "The Love Whitin", do Bloc Party. Isso não é necessariamente um demérito, mas infelizmente não tem se refletido em grandes discos. 


Banda que também obteve muito sucesso em meados da década de 2000, o The Killers hoje se encontra em um hiato desde o fim da turnê de Battle Born (2012), último álbum do grupo e uma mera repetição das fórmulas aplicadas com mais eficiência no início da carreira. Mais recentemente, a banda informou que já se reuniu para gravações, que devem resultar em um novo trabalho.

Talvez a banda com a discografia mais consistente dentre as estreantes na referida década seja o Franz Ferdinand, mas que acaba de sofrer um revés com a saída do guitarrista Nick McCarthy. O último lançamento é o bom Right Thoughts, Right Words, Right Action, de 2013.

O Strokes, precursor dentre todos os nomes citados, vem apresentando uma queda de qualidade gradual nos seus lançamentos, culminando no irregular, mas massacrado pela crítica especializada, Comedown Machine (2013). De lá pra cá, seus integrantes investiram em projetos paralelos. O guitarrista Albert Hammond Jr. vêm lançando discos regularmente, no geral apenas repetindo a fórmula de sucesso de sua banda principal.  


O vocalista Julian Casablancas, após um primeiro disco solo razoável em 2009, lançou em 2014 o desastroso Tyranny, com o grupo The Voidz. O outro guitarrista, Nick Valensi, chega agora com a banda CRX, que lançará seu primeiro disco no dia 28 de outubro, produzido por Josh Homme (QOTSA). Enquanto isso, os integrantes se reúnem esporadicamente para shows e gravações de estúdio, mas sem previsão oficial de lançamento de um novo álbum. O último lançamento da banda é o burocrático EP Future Present Past, que chegou às lojas em maio de 2016.

Mais de 15 anos após o lançamento do disco de estreia do Strokes, o que se pode perceber é que a grande parte das bandas surgidas no mesmo período não conseguiu se firmar artisticamente, afinal são poucos os discos lançados naquela época que hoje podem ser considerados clássicos, ou ao menos candidatos ao posto no futuro. Alguns nomes ficaram pelo caminho, caso do Hot Hot Heat, Razorlight, The Bravery, dentre outros. Entre as que seguem gravando e excursionando regularmente, fica a cada dia mais improvável o lançamento de material realmente relevante - pelo menos é esta impressão que deixam os novos Walls e Stay Together em 2016.

Por Virgílio Moraes Migliavacca

Comentários

  1. Na boa nenhuma dessas bandas que foi citado eh rock...isso ai eh pop...que foi enfiado goela abaixo pela mtv...som chato...se garotos...guitarristas sem pegada...

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