Lançado em 16 de julho de 2002, Yoshimi Battles the Pink Robots é o décimo-primeiro álbum da banda norte-americana Flaming Lips. Marca definitiva na carreira do grupo, apresenta em suas onze faixas uma sonoridade que já foi definida inúmeras vezes pela crítica como “indefinível” (o trocadilho foi inevitável …), mas que é, em sua essência, a união das influências psicodélicas que acompanham a banda desde o início - Pink Floyd, Steely Dan e nomes contemporâneos como Radiohead - à generosas doses de pop.
Esta alquimia a princípio tão dissonante fica clara já na primeira música, “Fight Test”. Balada lisérgica por excelência, torna-se de fácil audição justamente por suas características pop. Enquanto as influências acid empurram a sonoridade na construção de um arranjo belíssimo, o lado pop está presente nas inspiradas linhas vocais do líder Wayne Coyne.
A criatividade do grupo é posta à prova em composições como “One More Robot / Sympathy 3000-21”. O resultado é um Radiohead despido de sua enorme (e muitas vezes pedante) pretensão artística, traduzido em saborosas gemas pop.
A saga da garotinha Yoshimi contra os robôs cor de rosa é contada em duas partes. A primeira é uma deliciosa balada que une uma levada de violão repleta de melancolia à batidas eletrônicas, e que com certeza foi ouvida à exaustão por Jason Lytle, vocalista e principal compositor do Grandaddy, antes deste lançar o álbum Sumday, de 2003. Já a segunda é a trilha sonora do confronto da menininha com os seus algozes. Totalmente influenciada pela sonoridade das trilhas de videogame, transporta o ouvinte literalmente para o centro da batalha.
“In the Morning of the Magicians” é de um lirismo e de uma sensibilidade palpáveis. Simples e bela, vai derramando acordes aos poucos, criando o caminho para uma jornada inesquecível. Na mesma linha, “Are You a Hypnotis ??” é literal em todos os sentidos.
Antes de seu final, o álbum ainda nos entrega “Do You Realize?”, uma das melhores canções de toda a carreira do Flaming Lips. Mais uma vez usando a criatividade para levar o pop a caminhos bem mais amplos daqueles que estamos acostumados, solta belas linhas vocais sobre uma sonoridade acústica que purifica até a alma.
Uma experiência ampla e, para quem tem os ouvidos e horizontes mais fechados, até um pouco traumatizante, Yoshimi Battles the Pink Robots é um disco fascinante da primeira à última faixa.
Criatividade e originalidade conduzidas pela leveza de espírito: este é o segredo do Flaming Lips. Além, é claro, de uma generosa dose de talento.
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