
Não foram muitos os que presenciaram o show do power trio de Adrian Belew na festiva e quente noite do título palmeirense do último domingo de novembro em São Paulo. As aproximadamente 400 pessoas, maioria de homens nos seus 40 anos de idade, ocupavam, sem aperto, metade da pista do Carioca Club, e dividiam o espaço com algumas mesas ao fundo. Pouco para o que representa o lendário guitarrista. Menos ainda pela qualidade de sua apresentação.
Adrian Belew, hoje com 66 anos, aprendeu os truques do rock and roll com Frank Zappa e David Bowie nos anos 1970, colaborou com outros ícones como Talking Heads, Nine Inch Nails e Paul Simon, mas fez mesmo seu nome como o mais longevo parceiro de Robert Fripp no King Crimson, banda da qual fez parte entre 1981 e 2009. Desse período compreendeu quase a metade do repertório do show em São Paulo.
O power trio é completado por Tobias Ralph na bateria e pela baixista Julie Slick. Enquanto a moça usava seu instrumento mais como um espinha dorsal do som da banda, Tobias Ralph brilhava na reprodução dos complexos arranjos originais, bem como destruía seu kit sem dó quando os momentos de improvisação assim permitiam. Só um monstro chamaria mais a atenção do que o baterista. E, como esperado, Adrian Belew provou que não fez a sua carreira por acaso.
Adrian Belew, hoje com 66 anos, aprendeu os truques do rock and roll com Frank Zappa e David Bowie nos anos 1970, colaborou com outros ícones como Talking Heads, Nine Inch Nails e Paul Simon, mas fez mesmo seu nome como o mais longevo parceiro de Robert Fripp no King Crimson, banda da qual fez parte entre 1981 e 2009. Desse período compreendeu quase a metade do repertório do show em São Paulo.
O power trio é completado por Tobias Ralph na bateria e pela baixista Julie Slick. Enquanto a moça usava seu instrumento mais como um espinha dorsal do som da banda, Tobias Ralph brilhava na reprodução dos complexos arranjos originais, bem como destruía seu kit sem dó quando os momentos de improvisação assim permitiam. Só um monstro chamaria mais a atenção do que o baterista. E, como esperado, Adrian Belew provou que não fez a sua carreira por acaso.

Se a resposta do público às suas canções solo como "Young Lions", "Men in Helicopters" e "Ampersand" soava como um educado silêncio contemplativo à criatividade do guitarrista, a técnica do baterista e o visual e atitude despojada da baixista, quando faixas mais conhecidas de sua celebrada fase no King Crimson eram executadas, o clima para muitos ali era de realização de sonho.
Infelizmente, outras bandas das quais o guitarrista participou não foram contempladas no repertório. E, numa formação com apenas três músicos, fica impossível reproduzir com precisão os detalhados arranjos de composições do King Crimson como "Frame by Frame", "Neurotica" e "Three of a Perfect Pair", executadas em versões mais diretas sem soarem descaracterizadas, ou o interlúdio cheio de camadas e sons da pesada "Dinosaur", deixado de lado na apresentação. Momentos teoricamente mais simples como o medley com "Heartbeat" e "Walking On Air" ou a introspectiva "One Time", por outro lado, ganharam faceta ainda mais emotiva no palco.
O final do show veio com a clássica "Indiscipline" do disco quase homônimo de 1981, repleta de berros do público acompanhando as falas do empolgado Belew e um espetáculo inesquecível do baterista Tobias Ralph destruindo os conceitos de tempo e contratempo de quem teve a sorte de presenciar uma lenda no palco e ainda guarda uma esperança de um dia ver o King Crimson com toda sua produção num palco brasileiro. Mas, com menos de quinhentos pagantes, vai ser impossível.
Por Thiago Martins

Comentários
Postar um comentário
Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.