Review: Milocovik - Automatic Complaints (2017)


O Milocovik foi formado em São Paulo em 2006 e lançou apenas o EP Sex Pack, que saiu em 2009. Essa discografia ganhou no início do ano a companhia do primeiro álbum completo da banda, Automatic Complaints. O disco chegou apenas agora aos meus ouvidos, e devo confessar que o mesmo ocorreu com a banda. Não conhecia o som dos caras e fiquei bastante surpreso com o que ouvi.

Produzido e mixado por Edu Recife, o terceiro álbum do quarteto formado por Toni Pereira (vocal), Claudio Dantas (guitarra), Iran Ribas (baixo) e Ito Andery (bateria) traz dez faixas, sendo oito delas cantadas em inglês e apenas duas, “Fogo Amigo” e “Muito Mais”, em português. Musicalmente, apesar de a banda se classificar com o esdrúxulo rótulo de disco-punk, o que temos é um rock que bebe muito na cena inglesa de pós-punk, unindo-a ao movimento que surgiu em Manchester no final da década de 1980 e início dos anos 1990. Ou seja, trata-se de um rock calcado em guitarras e com batidas sempre dançantes. E que, com as boas ideias do Milocovik, soa muito agradável aos ouvidos.

A banda vai sempre direto ao ponto, com canções que em nenhum momento soam descartáveis e passam um onipresente ar de urgência. Músicos de inegável qualidade, o quarteto se complementa e funciona muito bem como um todo, com a união dos quatro músicos dando a luz a um quinto elemento bastante cativante.

Com influência de nomes como David Bowie, The Cure, Talking Heads, Joy Division, Destroyer e uma forte pegada indie, o Milocovik produziu neste disco de estreia um trabalho que encontra pouquíssimos exemplos similares vindos de bandas brasileiras, mostrando ao mesmo tempo boas ideias e uma boa dose de maturidade, exemplificada na forma redonda com cada uma das canções foi construída. Em suma, o que temos e o que ouvimos em Automatic Complaints é um trabalho bastante acima da média, e que deixa claro a força criativa da banda.

Vale a pena ir atrás e ouvir com atenção.

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