Review: Roger Waters - Is This the Life We Really Want? (2017)


Lançado no dia 2 de junho, Is This the Life We Really Want? é o primeiro disco de rock de Roger Waters em 25 anos, desde Amused to Death (1992). No período, o músico inglês revisitou diversas vezes a sua obra mais icônica, o clássico The Wall (1979), e gravou em 2005 uma ópera intitulada Ça Ira.

Ao lado de Waters em seu novo trabalho temos uma banda formada por Nigel Godrich (teclado, guitarra e arranjos, e também o produtor do álbum), Gus Seyffert (guitarra, baixo e teclado), Jonathan Wilson (guitarra e teclado), Roger Joseph Manning, Jr. (teclado), Lee Pardini (teclado), Joey Waronker (bateria), Jessica Wolfe (vocal), Holly Laessig (vocal) e David Campbell (arranjos de cordas).

Musicalmente, o que ouvimos são doze novas faixas que soam de maneira similar ao Pink Floyd pós-Dark Side of the Moon. Liricamente, é Roger Waters reafirmando o seu discurso político, tendo Donald Trump como alvo principal. A produção de Nigel Godrich (que representa para o Radiohead o que George Martin representava para os Beatles) renova a sonoridade grandiosa e épica que Waters adotou desde The Wall (1979), atualizando sua música sem perder sua essência, além de conseguir torná-la ainda mais sombria em alguns momentos, vide a ótima faixa-título.

Referências a canções antigas - “wish you were here in Guantanamo Bay!” - tornam ainda mais fortes letras nada sutis - “picture a shithouse with no fucking drains / picture a leader with no fucking brains” -, como ele faz questão de deixar claro em “Picture That”. 

E ainda que, em diversos momentos, a estrutura das canções conduza o ouvinte por um caminho que parece sempre levar a um solo de guitarra fantástico de David Gilmour, eles nunca chegam por motivos óbvios. Jonathan Wilson, o guitarrista principal, é competente pra caramba e soa sempre mais pé no chão, como se Waters o limitasse a não seguir por caminhos semelhantes aos de seu desafeto no Pink Floyd. Isso, em certos aspectos, pode frustrar quem espera encontrar um novo The Wall, mas, sinceramente, pessoas com esse pensamento certamente não acompanham de maneira próxima o trabalho de Waters, que apesar de sempre rodar dentro do universo sonoro e lírico que concebeu, jamais soou acomodado artisticamente.

Is This the Life We Really Want? é um disco sombrio, necessário e que soa como o prenúncio de um futuro nada animador, dominado cada vez mais pelos interesses de grandes conglomerados em detrimento total a nós, que estamos aqui tentando apenas viver um dia de cada vez. Mas que, ao final de sua audição, torna possível apenas uma resposta para a pergunta que propõe: "Essa é a vida que realmente queremos? Claro que não, porra!".

Comentários

  1. Pois é né. Tirando de lado as conotações políticas do sempre engajado Waters, achei o disco um "mais do mesmo". Como eu disse, não vou nem entrar no mérito das letras. Já ouvi 5 vezes esse disco. Até mesmo pra avaliar o trabalho sem paixão alguma, sem puritanismo e sem o fanatismo floydiano que venho observando em resenhas que ando lendo sobre o novo disco de Waters. Mas que me perdoem os fãs "xiitas" da banda. Musicalmente falando, esperava mais do senhor Roger Waters. O disco é chato e repetitivo. Já não sou fã do Radiohead (outra banda dessas que acham que fazem rock), e vejo que a produção que todos dizem que ficou espetacular, apenas modernizou um pouco o que Waters fez em The Final Cut. Enfim, pra mim ficou devendo.

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