Review: Pristine - Ninja (2017)


A intensidade de bandas escandinavas com sons voltados para o hard e o psychedelic rock é grande, que mal cabe na palma da mão. Aqui no site já vimos resenhas da banda Blues Pills (Suécia) e da cantora Ina Forsman (Finlândia). Dessa vez, mais um grupo da Escandinávia (Noruega) vem dar seu ar da graça por aqui.

Pristine é uma banda norueguesa da cidade de Tromsø, formada por Heidi Solheim (vocais), Espen Elverun Jakobsen (guitarra), Asmund Wilter Kidal Erikson (baixo), Aleksander Kostopoulos (bateria), Anders Oskal (hammond e clavinet), Terje Johannensen (trompete, guitarra acústica e elétrica) e Andreas Mjos (percussão e sintetizador). 

O septeto teve destaque internacional ao disputar o The International Blues Challenge de 2012, em Memphis, nos Estados Unidos, onde chegou à semifinal. A banda tem influências do blues tradicional, funk e blues rock dos anos 1970. A voz de Solhein já foi comparada a artistas do gênero como Beth Hart, Dana Fuchs e Janiva Magness. Seu primeiro trabalho, Detoxing, foi lançado em 2011, seguido por No Regret (2013) e Reboot (2016). É de se notar também a semelhança com o suecos Blues Pills, principalmente se compararmos as vozes de Heidi Solheim com Elin Larsson.

Depois de três álbuns lançados por gravadoras locais, o Pristine conseguiu dar um salto maior na carreira ao migrar para a alemã Nuclear Blast, selo conhecido por focar em nome mais extremos do metal e hard rock. Seu quarto disco, Ninja, foi lançado no dia 23 de junho e conta com 10 músicas e duas bônus track. 

A faixa de abertura, "You Are the One", mostra uma pegada no estilo Joss Stone, que leva o ouvinte ao deleite com um ritmo blues e soul, onde Heidi já mostra seu serviço. Uma curiosidade é que os primeiros acordes de "You Are the One" lembram uma outra canção, tirada do segundo álbum (No Regret), chamada  "Carry Your Own Weight". A música seguinte, "Sophia", mantém o nível, mas com um pouco mais de pop no arranjo. "The Perfect Crime" é uma canção que podia muito bem ter sido gravada por Adele ou Amy Winehouse, onde, mais uma vez, Heidi se sobressai ao tocar uma balada mais relaxante. Com "The Rebel Song" percebe-se uma mudança em sua sonoridade, se comparado aos três discos anteriores, onde vemos uma banda bastante parecida com os suecos do Blues Pills que, aliás, tocaram juntos em uma turnê pela Europa, em 2016.

Na última metade do disco, o Pristine aparece mais experimental, como em "The Parade", onde o trompete dá um tom mais suave à faixa. A soturna "Jekyll & Hyde" nos leva a um caminho mais hipnótico, onde a voz de Solheim, mais uma vez, chama a atenção. "Forget" e "Ocean" dão números finais ao disco com toques acústicos e melancólicos, respectivamente. Ainda temos as músicas "California" (do disco Reboot) e "No Regret" (de No Regret), tiradas de um show ao vivo, gravado na cidade Tromso, terra natal do grupo, acrescentadas como extras.

Ninja é o trabalho mais ousado da banda até agora. Não tem a vitalidade dos seus dois últimos álbuns, Reboot e No Regret, mas digamos que é o produto final tirado da matéria bruta, no caso de seus três primeiros discos. No entanto, merece uma boa escutada por tudo que traz, mesmo com boas canções e com outras em que o ritmo dá uma diminuída, como no caso da segunda metade do disco. Por se tratar da Nuclear Blast, acho que o objetivo da gravadora foi com que a banda pudesse ter um estilo parecido com o dos suecos do Blues Pills, o que torna-se bem perceptível em algumas faixas. Pelo menos a mudança fez bem, e mostra que o Pristine está preparado para alçar voos maiores.

Por Renan Esteves

Comentários