A sensacional estreia do Bad Company


Sem dúvida alguma este é um dos melhores discos que eu já ouvi. Após o encerramento das atividades do Free, poucos acreditavam que Paul Rodgers e Simon Kirke poderiam lançar algo tão bom em tão pouco tempo. Claro que estávamos falando de músicos excepcionais, especialmente Rodgers, mas o processo que leva ao encerramento das atividades de uma banda é estressante, cansativo e avassalador, principalmente em um caso como o do Free, onde Rodgers, Kirke e Andy Fraser viram a amizade entre os integrantes ser devastada pela dependência química de Paul Kossoff.

Na ressaca de todo esse processo surgiu o Bad Company. Do Free vieram Paul Rodgers e Simon Kirke. Do Mott the Hoople veio o guitarrista Mick Ralphs, enquanto o King Crimson havia sido a banda anterior do baixista Boz Burrell. Essa formação fez com que a imprensa logo os rotulasse como um supergrupo, característica que ficou ainda mais forte após Peter Grant, o lendário empresário do Led Zeppelin, anunciar que também seria manager do grupo. Essa ponte entre as duas bandas fez com que o Bad Company fosse o primeiro contratado e lançasse o primeiro disco do Swan Song, o selo fundado por Page, Plant e companhia.

Lançado em 15 de junho de 1974, Bad Company foi um sucesso tremendo, com o álbum atingindo o primeiro posto nos charts da Billboard. Os singles do álbum também fizeram bonito, com “Can´t Get Enough” alcançando a posição de número cinco e “Movin´ On” a dezenove.

Realmente, as oito faixas que formam o álbum apresentam uma qualidade indiscutível. A já citada “Can´t Get Enough” é uma pedrada hard guiada pela guitarra de Ralphs; “Rock Steady” é um hard blues onde toda a banda se destaca, com destaque para Ralphs e para a magnífica interpretação de Rodgers; a balada “Ready for Love” se transformou em um dos maiores clássicos do grupo, e é de uma simplicidade tocante.


A música que dá nome ao grupo e ao disco, “Bad Company”, é uma densa balada blues que contém uma das melhores interpretações de toda a carreira de Paul Rodgers, um vocalista que deveria ser muito mais reconhecido do que é. Marca registrada da banda, até hoje é um dos pontos altos dos shows do conjunto. “The Way I Choose” revela momentos lindos em suas linhas vocais e em seu arranjo, emocionando todo e qualquer apreciador de música. O álbum fecha com o single “Movin´ On”, que traz enormes influências do Free, e a clássica “Seagull”, uma das mais emblemáticas composições do grupo.

Após essa estreia, o Bad Company lançaria mais quatro ótimos discos - Straight Shooter em 1975, Run With the Pack em 1976, Burnin´ Sky em 1977 e Desolation Angels em 1979, sendo que os três primeiros são fundamentais em qualquer coleção de respeito.

Paul Rodgers sairia da banda am 1982, sendo substituído por Brian Howe (Ted Nugent), e durante a sua ausência o Bad Company enveredou por caminhos sonoros discutíveis, deixando de lado o blues rock e o hard que o haviam consagrado e investindo em uma sonoridade mais pop, que visava exclusivamente o crescimento do grupo no mercado norte-americano. Rodgers voltou à banda em 1998, e desde então o Bad Company tem realizado shows frequentes, mantendo vivo o seu legado como um dos mais importantes grupos de hard rock dos anos 1970.

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