Em um cenário saturado de fórmulas que se repetem à exaustão, a banda pernambucana Elizabethan Walpurga consegue se destacar por trazer uma boa dose de originalidade ao seu som. Na estrada há mais de dez anos, o grupo lançou somente agora o seu primeiro disco, e ele merece a sua audição.
O que torna a música do quinteto bastante original é a mistura entre black metal e metal tradicional. Nada que nomes como Tribulation já não tenham feito, mas que sempre soa agradável quando bem executado e com ótimas referências. A parcela black do som do Elizabethan Walpurga fica por conta dos vocais guturais de Leonardo Alcântara e, principalmente, pela inspiração lírica. O próprio título do disco entrega o jogo: Walpurgisnacht é uma data mítica celebrada em vários países europeus no dia 30 de abril. Segundo a lenda, nesta noite as portas do submundo se abrem e atraem energias renovadoras e estimulantes. Já para os adeptos do vampirismo, um texto do escritor Bram Stocker, autor de Drácula, classifica a data como o momento em que as bruxas se reuniam nas montanhas para uma orgia demoníaca.
No aspecto instrumental, o que temos é uma música que bebe bastante na rica tradição do metal britânico, com a onipresença de duetos de guitarra e uma enorme quantidade de melodia. Esse contraste entre luz e sombra faz o Elizabethan Walpurga soar de maneira agradável, em uma dicotomia que funciona de maneira eficiente.
Walpurgisnacht traz nove músicas e foi lançado pela Shinigami Records. A produção poderia ser melhor, mas não compromete o resultado final. A energia que brota das caixas de som é forte e constante, e mostra um grupo de músicos com boas ideias e que tem tudo para alcançar um público maior com o passar dos anos.
Um belo trabalho, e que deixa claro mais uma vez que o metal brasileiro tem representantes de qualidade em todas as regiões do país.
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