Quadrinhos: Wytches, de Scott Snyder e Jock


Escrita por Scott Snyder (Batman, Vampiro Americano, Monstro do Pântano), ilustrada por Jock (Batman, Wolverine, Hellblazer) e com cores de Matt Hollingsworth (Preacher, Alias, Demolidor), Wytches foi publicado nos Estados Unidos pela Image Comics em seis edições lançadas entre outubro de 2014 e março de 2015.

Aqui no Brasil, Wytches saiu como um dos títulos que apresentou a linha de quadrinhos da editora Darkside Books ao mercado. A edição nacional tem capa dura, 192 páginas, papel couché e formato 17 x 24,5, e além da história traz bastante material extra. A tradução é de Érico Assis.

Wytches conta a história da família Rooks, que decide se mudar para uma cidade menor, Litchfield, após um evento traumático envolvendo a única filha do casal. Essa pequena cidade fica nas margens de uma grande e densa floresta, onde coisas estranhas acontecem. A trama revisita o mito das bruxas, uma das criaturas mais emblemáticas do mundo do terror. Aqui, elas são imaginadas de uma maneira um pouco diferente do tradicional e possuem uma relação ainda mais intensa com a natureza.


A força de Wytches, na verdade, está na relação entre os três integrantes da família Rooks: o pai Charlie, a mãe Lucy e a filha Sailor. Charlie é um escritor que faz tudo para ser um bom pai enquanto enfrenta seus demônios interiores. Lucy acabou de sofrer um acidente traumático e está presa a uma cadeira de rodas. E Sailor foi o centro de um evento marcante, enquanto ainda precisa lidar com toda a ebulição de sentimentos e sensações características da puberdade.

Scott Snyder cria um roteiro muito bem estruturado, que vai se desenvolvendo em um ritmo constante. Cada nova virada de página apresenta situações interessantes, fazendo com que a leitura seja bastante recompensadora. Com diálogos naturais contrastando com situações que levam para um caminho cada vez mais sobrenatural, Snyder conquista o leitor ao inserir várias camadas psicológicas no trio de personagens principais. Eles se mostram muito mais complexos no final da história do que pensávamos que eram ao começar a leitura. E isso é um mérito e tanto para um escritor que é conhecido por escrever personagens blockbusters como Batman e que frequentemente recebe críticas por construir boas narrativas que chegam a conclusões anti climáticas. Este problema, no entanto, não ocorre em Wytches. O roteiro é muito bem escrito e repleto de soluções e reviravoltas criativas, que conseguem surpreender o leitor.



A arte de Jock, combinada com as cores de Hollingsworth, é vital para a atmosfera sufocante que a HQ possui. O traço marcante ganha a companhia de um trabalho de colorização que une pintura digital com várias camadas de aquarela feitas à mão, alcançando um resultado final único. As cores saltam na cara do leitor, dando movimento e vida a uma história carregada de seres horripilantes e assustadores. Muito do impacto de Wytches vem da sua arte, responsável por apresentar um mundo único, sombrio e horripilante.

A edição da Darkside Books é primorosa, com o alto acabamento gráfico já tradicional em todos os títulos da editora.

Gostei muito de Wytches. Trata-se de um dos melhores quadrinhos que li este ano, com certeza. Uma história de terror com fundo familiar que realmente consegue assustar o leitor. 




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