O Brasil sempre foi um grande celeiro de bandas de metal extremo. De nomes pioneiros como Sarcófago até novos ícones como Krisiun, sempre tivemos ótimos representantes no death e black metal. E, mais importante: as bandas brasileiras sempre trouxeram um sopro de criatividade e de inovação para as searas mais radicais do metal.
Essa tradição se mantém viva com o Motherwood. O grupo formado em 2016 pela dupla Guilherme Malosso (vocal, guitarra, baixo e bateria) e Yuri Camargo (sintetizadores, bateria e ambiência) lançou este ano tanto o seu primeiro EP (sobre o qual falamos aqui) quanto o seu primeiro álbum completo.
A ótima impressão deixada pelo EP é intensificada com o debut, que além das duas faixas já lançadas anteriormente - “Coldness" e “Sadness" - traz mais cinco canções. As influências da escola norueguesa de black metal seguem fortes, principalmente de nomes como Burzum e Emperor. Aliadas à elas temos inspirações também em nomes que são conhecidos por levar o metal a novos caminhos, como o Katatonia (nas partes mais calmas e climáticas) e o Opeth (na união da pancadaria característica do estilo à uma sadia pretensão de se aventurar por novos ares).
Todos esses elementos tornam a música do Motherwood bastante rica, colocando a banda em um estágio superior em relação à boa parte dos nomes extremos atuais. Malosso e Camargo dominam a arte de construir atmosferas hipnóticas que levam a banda a um estágio posterior à violência musical.
Talvez o fato que mais chame a atenção neste auto-intitulado disco de estreia seja a maturidade musical, lírica e artística mostrada pela banda. Em todos esses aspectos temos um trabalho que está em um nível elevado de qualidade, com direito a uma linda faixa instrumental que é pura ambient music para fechar com chave de ouro uma estreia praticamente perfeita.
Se você é fã de metal extremo, este primeiro álbum do Motherwood é uma joia preciosa que não pode faltar na sua coleção.
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