A antológica passagem da Cor do Som pelo festival de Montreux


Lançado em 1978, A Cor do Som Ao Vivo no Montreux International Jazz Festival é o registro do primeiro show de uma banda brasileira no lendário festival suíço. O grupo se apresentou no mesmo dia que Gilberto Gil (que também lançou um disco ao vivo) e Silvinho. Esses três artistas deram início a uma tradição, já que o festival passou a contar com atrações brasileiras de maneira constante. Nomes como Caetano Veloso, Elis Regina, Rita Lee, Ney Matogrosso, Hermeto Pascoal, Titãs, Paralamas e muitos outros também passaram pelo palco de Montreux, gerando também belos registros ao vivo.

O show da Cor do Som rolou na décima-segunda edição do festival, em julho de 1978. E o disco que eternizou o concerto é antológico. Nele fica evidente todo o poderio da banda ao vivo. Exímios instrumentistas, o sexteto detona uma sonoridade que desafia rótulos, mas que me soa como uma espécie de jazz fusion focado nas raízes da música brasileira, jogando em uma mesma panela elementos de jazz, rock, progressivo, frevo, samba, baião e MPB. 


Ao Vivo - Montreux International Jazz Festival traz oito faixas instrumentais que demonstram o brilhantismo técnico do grupo, principalmente de Armandinho e Dadi. O guitarrista esmerilha na guitarra baiana, instrumento que ajudou a popularizar, enquanto o baixista segura tudo com a competência de sempre. 

Entre as músicas, destaque para a estupenda "Cochabamba" (que me soa semelhante, em certos aspectos, àquela antológica brincadeira entre Ritchie Blackmore e Ian Gillan no também ao vivo Made in Japan, onde o vocalista respondia as notas de Blackmore com sua voz agudíssima durante “Strange Kind of Woman"), "Brejeiro", "Festa na Rua" e a versão de "Eleanor Rigby", dos Beatles, aqui transformada em um frevo lisérgico guiado pela guitarra alucinada de Armandinho.

Se você não conhece, ouça com atenção. As composições contidas nesse disco são uma prova inconteste e pra lá de convincente da riqueza da música produzida aqui, no nosso país.

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