Para os aficcionados por séries e pela obra do diretor David Lynch, Audrey Horne é o nome de uma personagem do cultuado seriado Twin Peaks. Interpretada pela atriz Sherilyn Fenn, Audrey era a filha do milionário Ben, dono do hotel que marcou a primeira temporada da história sobre a misteriosa morte da jovem Laura Palmer.
Já para os fãs de rock, Audrey Horne é o nome de uma banda norueguesa formada em 2002 na cidade de Bergen. Um fato interessante sobre o grupo é que ele conta com ex-integrantes de ícones do black metal como Enslaved e Gorgoroth, apesar de produzir uma música que não passa nem perto do lado mais sombrio do metal. A pegada do Audrey Horne é muito mais ensolarada, equilibrando influências de NWOBHM com hard rock californiano. O resultado é um som grudento, repleto de melodia e cheio de refrãos cirúrgicos.
Após o mediano Pure Heavy (2014), o quinteto retornou com inspiração de sobra em Blackout, disco que saiu neste início de ano. São dez canções sólidas e mais duas faixas bônus na versão que já está disponível nos serviços de streaming. E aqui é preciso deixar bem claro: o Audrey Horne não quer mudar a forma como a música é feita, não quer inserir novos conceitos e nem nada do tipo. A proposta é apenas um rock bem feito, pra cima e capaz de animar o dia. O que, convenhamos, já está de ótimo tamanho nestes tempos estranhos em que vivemos.
Em relação ao ótimo Youngblood (2013), percebe-se a inclusão de uma dose maior de elementos de AOR, com ecos de nomes como Boston, Journey e até mesmo Billy Squier. Esta característica coloca na mesa um gosto acentuado da década de 1980 em alguns momentos (a faixa-título é um grande exemplo deste fator), trazendo ainda mais ingredientes para a sonoridade dos noruegueses.
Porém, os elementos principais da mistura seguem sendo os mesmos: os fortes e sempre cativantes refrãos e as longas passagens instrumentais construídas com uso e abuso de guitarras gêmeas. Neste último ponto, a principal referência do Audrey Horne é o saudoso Thin Lizzy (“This One” poderia estar em um disco da banda de Phil Lynott), o que é sempre um sinal de qualidade.
Agradável do início ao fim, Blackout é um disco despretensioso e, talvez por isso mesmo, seja tão legal. Diversão em alto e bom som, sem a elaboração de maiores teorias ou teses musicais, longe de elocubrações malucas e insalubres.
Mediano “pure heavy”?
ResponderExcluirVc tá louco.
O play é o ponto da discografia.