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As histórias em quadrinhos que tanto amamos são formadas pela união de dois ingredientes: o texto e as ilustrações. Se retirarmos as ilustrações, elas deixam de ser HQs e passam a ser contos e causos narrados em prosa. No entanto, se retirarmos o texto e deixarmos apenas os desenhos, elas ainda seguem sendo quadrinhos e sustentam-se por si só.
Esta pequena explicação é necessária quando analisamos Conto de Areia, adaptação em quadrinhos de um roteiro escrito pela dupla Jim Henson e Jerry Hull entre 1967 e 1974. Henson é o criador dos Muppets e de Vila Sésamo, dois dos programas televisivos mais famosos e influentes do século XX. Hull foi seu parceiro nessas produções e escreveu os roteiros de ambas as séries tanto para a TV quando para o cinema.
Concebido para ser um filme, o roteiro de Conto de Areia nunca saiu do papel, até ser encontrado nos arquivos da fundação que cuida do legado de Henson e chegar nas mãos do ilustrador canadense Ramón K. Pérez. Conhecido pelo seu trabalho em Gavião Arqueiro, Homem-Aranha e X-Men, Pérez levou para a nona arte a criação de Henson e Hull, e o resultado ficou incrível.
Conto de Areia é uma história surrealista, onde tudo é possível. A imaginação dos criadores não obedece as regras da realidade, e isso fica claro desde o início. Tudo pode acontecer, e realmente tudo acontece.
Concebido para ser um filme, o roteiro de Conto de Areia nunca saiu do papel, até ser encontrado nos arquivos da fundação que cuida do legado de Henson e chegar nas mãos do ilustrador canadense Ramón K. Pérez. Conhecido pelo seu trabalho em Gavião Arqueiro, Homem-Aranha e X-Men, Pérez levou para a nona arte a criação de Henson e Hull, e o resultado ficou incrível.
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Conto de Areia é uma história surrealista, onde tudo é possível. A imaginação dos criadores não obedece as regras da realidade, e isso fica claro desde o início. Tudo pode acontecer, e realmente tudo acontece.
A adaptação para os quadrinhos ganhou três prêmios Eisner em 2012 - Melhor Álbum Gráfico, Melhor Desenhista e Melhor Design de Produção), mais dois prêmios Harvey (Melhor Álbum e Melhor História) e também um Joe Shuster Award. Note que a maioria desses prêmios são reconhecimentos ao trabalho gráfico e de ilustração do material. É preciso frisar isso, porque a história contada em Conto de Areia foge totalmente do convencional e pode não descer bem para uma parcela de leitores.
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Vamos retornar lá para o primeiro parágrafo deste review, quando falei sobre os elementos que caracterizam uma história em quadrinhos. Conto de Areia possui pouquíssimo texto - bem pouco mesmo. Sua estrutura não tem muito em comum com as histórias em quadrinhos convencionais. Com lindas ilustrações - sério, o trabalho de Ramón Pérez é de fazer até o mais duro dos queixos cair -, a trama é contada através de uma exemplar narrativa gráfica. Essa abordagem, somada ao roteiro que entrega doses generosas de surrealismo, tem tudo para agradar quem adora experimentações em HQs - tanto que a obra foi aclamada pela crítica -, mas também é a receita perfeita para causar reações não tão positivas em leitores que pouco experimentaram técnicas menos ortodoxas.
Inovadora e criativa, trata-se de uma graphic novel singular em vários sentidos, com capacidade para tirar o leitor de sua zona de conforto e o fazer repensar os quadrinhos sob um novo ponto de vista. Distante da produção em massa corriqueira das grandes editoras, Conto de Areia eleva as histórias em quadrinhos a um patamar superior, aproximando-as da mais pura e bela arte.
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Publicada no Brasil pela editora Pipoca & Nanquim em uma caprichada edição em capa dura, 160 páginas coloridas em papel off set de 120g e formato 20 x 27,5 cm, trata-se de uma boa indicação não somente para quem gosta de quadrinhos, mas também para quem procura trabalhos criativos que experimentam e apresentam ideias fora da caixa.
Uma belíssima HQ, com uma arte absolutamente sensacional e que, apesar do estranhamento inicial, revela-se um história realmente incrível.
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