O que é, afinal, o post-hardcore – ou rock alternativo - do Quicksand, o power-trio norte americano com um integrante (Sergio Vega) do cultuado Deftones e outro (Walter Schreifels) que é nada menos que uma lenda da música alternativa por ter formado bandas como Gorilla Biscuits, Youth of Today e Rival Schools? A banda chega pela primeira vez ao Brasil no início de junho para shows em São Paulo (2/6) e Rio de Janeiro (3/6), com produção da Powerline.
O estilo foi moldado lá na década de 1990 e o Quicksand participou do processo de construção de uma sonoridade que é ligada a nomes como Circa Survive, Thursday, Glassjaw e ao seminal Fugazi, este que começou tudo de verdade em meados dos anos 1980.
Acordes reverberantes, uma música com foco nas guitarras secas e distorcidas, quase sempre com linhas de baixo e bateria intensas o bastante para manter a energia num astral pontual, seja para agitar ou cantar junto. Longe de ser uma definição absoluta do post-hardcore, ao menos aproxima – em palavras – o que o Quicksand se dedica a fazer.
Dos três álbuns lançados, dois são do início dos anos 1990 – Slip e Manic Compression – que resistem ao tempo e não raramente são apontados como clássicos do rock noventista. Longe de ser exagero. À época do lançamento do debut Slip, em 1993, a BBC escreveu: “Uma master class de 40 minutos de um perfeito post-hardcore". O AllMusic foi mais específico: “A música do Quicksand contém uma poderosa ira e emana persistência”.
Maniac Compression, em 2001, foi apontado como “à frente do seu tempo” em resenha no site Punk News pelos afiados riffs que nunca aliviam, mencionando a força que tem para agradar fãs de rock, metal ou emo. É claramente mais pesado e agressivo.
O hiato de anos, as experiências individuais em outras bandas e a volta em 2013 culminaram no maduro Interiors, de 2017, que funciona como uma síntese do início de carreira junto a um aceno ao futuro. Aqui o post-hardcore ganha melodia, mas mantém a mesma carga emotiva nas composições, o transformando num álbum único do estilo.
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