O Brasil é pródigo em discos esquecidos, muitos deles lançados entre o final dos anos 1960 e durante a década de 1970, período em que vários projetos foram abortados pelas gravadoras por uma série de motivos, incluindo aí o medo dos censores militares. Um desses álbuns é Vida e Obra de Johnny McCartney, disco gravado entre novembro de 1970 e janeiro de 1971 pelo cantor Leno. Sim, o mesmo Leno da dupla Leno e Lilian, que fez sucesso durante a época de ouro da Jovem Guarda.
Só que aqui a história é outra. Influenciado pelos Beatles, Rolling Stones, Kinks, The Who e outras lendas, Leno saiu totalmente da sua zona de conforto e gravou um disco de rock do início ao fim, inserindo inclusive algumas doses de peso na receita. Com participações de Raul Seixas (então em início de carreira), Marcos Valle, integrantes das bandas Los Shakers e Renato & Seus Blue Caps e com o grupo A Bolha providenciando a base sonora do projeto, Vida e Obra de Johnny McCartney acabou sendo arquivado pela gravadora e só viu a luz do dia mais de duas décadas após. As fitas originais foram descobertas pelo pesquisador musical Marcelo Fróes, e uma edição em CD foi lançada em 1995 (essa versão é bastante rara atualmente). Mas o vinil continuava inédito, até agora.
Em uma parceria entre o Selo 180 e a Record Collector, Vida e Obra de Johnny McCartney está sendo disponibilizado pela primeira vez em vinil. A edição em vinil vem com discos nas cores branca ou preta, e foi produzida com todo o cuidado característico dos títulos do Selo 180. O material conta com capa dupla, encarte de quatro páginas, fotos da época e textos escritos por Fred Cesquim, da Record Collector, contando os bastidores da produção. E sim, a prensagem é em LPs de 180 gramas, como manda o figurino, e com uma tiragem limitada e numerada.
Uma verdadeira jóia perdida do rock brasileiro e que retorna às lojas em uma iniciativa digna de aplausos do Selo 180 e da Record Collector. Um petardo atemporal e que agora ganhou um tratamento sonoro e gráfico à altura de suas doze faixas.
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