Review: Steve Perry - Traces (2018)


Steve Perry foi vocalista do Journey por 21 anos, permanecendo na banda entre 1977 e 1998. É a sua voz que está eternizada nos maiores clássicos da banda norte-americana, como os álbuns Infinity (1978), Evolution (1979), Escape (1981) e Frontiers (1983), de onde vieram clássicos do porte de “Don't Stop Believin’”, “Any Way You Want It” e “Separate Ways (Worlds Apart)”. Perry lançou dois álbuns solo - Street Talk (1984, quando ele ainda era o frontman do Journey) e For the Love of Strange Medicine (1994, já fora do grupo), e então entrou em um hiato de quase 25 anos sem material inédito.

Esse período foi encerrado em 2018 com o lançamento de Traces, seu primeiro disco em mais de duas décadas. Produzido pelo próprio vocalista em parceria com Thom Flowers, o álbum foi lançado no início de outubro pela Fantasy e ganhou uma edição nacional pelas mãos da Hellion Records. A recepção do público foi entusiasmada, levando o trabalho ao top 10 da Billboard.

Musicalmente, o que temos é um disco que não traz a sonoridade que consagrou Steve Perry no Journey. Não temos nas dez músicas de Traces o hard rock/AOR que conduziu o Journey ao topo das paradas. Em seu lugar surge um pop adulto, com sutis pitadas de rock, e que na maior parte do tempo toma forma através de canções com andamento mais lento e um tanto contemplativas. Momentos mais agitados são raros, como na música que abre o play, “No Erasin’”. Essa escolha pode desagradar alguns fãs, porém quem acompanha a carreira de Perry há anos sabe que não tem nada estranho nas faixas que estão no disco e que elas são coerentes com a sua trajetória musical. 

É preciso destacar que o álbum possui um excelente trabalho de composição, entrega melodias agradáveis a todo momento e traz Perry cantando de maneira excelente, além de contar com uma excepcional banda de apoio que tem como destaque o baterista Vinnie Colaiuta e o tecladista Dallas Kruse. E, pra fechar o pacote, o disco ainda traz uma versão para “I Need You”, dos Beatles, que foi devidamente desconstruída e ganhou uma roupagem surpreendente.

A edição da Hellion Records vem com um longo encarte e todas as letras, respeitando o formado original do trabalho e os fãs de Perry.

Um belo disco, vale a pena.

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