Todo poder e glória de Biff Byford: entrevista com o vocalista do Saxon


Poucos são os ídolos do heavy metal que conseguem envelhecer bem. Os excessos da vida na estrada cobram seu preço. Mas essa conta parece não ter chegado ainda para Biff Byford, vocalista do Saxon. Aos 67 anos — mais de 40 deles dedicados à banda que ajudou a fundar —, o inglês mantém a disposição para fazer música e a voz irretocável. 

Ele mesmo afirma que o grupo é “100% ao vivo”, ou seja: mostra o que sabe no palco, postura que demanda energia. A longa cabeleira, que hoje oscila entre tons de louro e de grisalho, esconde algumas rugas, e revela que ainda há muita vida naquele que é um dos grandes frontman do rock até os dias de hoje.

Com uma discografia que inclui mais de 20 álbuns de estúdio, o Saxon faz sua estreia em Porto Alegre dia 13 de março, no Opinião (José do Patrocínio, 834).

Aproveitamos a oportunidade para conversar com o pioneiro da New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM). Na entrevista que segue, lord Biff aborda o novo trabalho Thunderbolt (2018), dá sua definição de heavy metal e lembra o finado parceiro Lemmy. 

Prepare a calça jeans e a jaqueta de couro, pois o Saxon está prestes a chegar por aqui com todo seu poder e glória.


O Saxon tem mais de 40 anos em atividade. Olhando para trás, quais apontaria como grandes conquistas da banda?

Biff Byford — Ainda estar por aí fazendo som e gravando bons discos. 

Vocês são um dos nomes que despontaram com a New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM). Como era a cena à época? Que outras bandas eram parceiras do Saxon?

Era um período bastante excitante. A gente esteve muito tempo ao lado do Motörhead nessa fase, conhecemos muitas bandas. Entre elas, Judas Priest, Iron Maiden, Whitesnake, Nazareth e por aí vai.

Falando em NWOBHM: a banda sente-se confortável com esse rótulo? Afinal, há quem afirma que o Saxon é rock and roll, o que não se pode dizer que é errado.

Somos os dois ao mesmo tempo. Por exemplo: "Wheels of Steel" é mais rock and roll, enquanto "20,000 Ft" é definitivamente heavy metal.

O que era ser heavy metal há quatro décadas e o que define essa alcunha hoje em dia?

Para mim, heavy metal é a mentalidade, o jeito que a música é tocada e escrita para soar 100% de seu potencial.

O Saxon está celebrando o aniversário de 40 anos com shows grandiosos na Inglaterra, previstos para outubro. Quais diferenças dessas apresentações para as que serão executadas no Brasil?

O repertório vai ser o mesmo, mas a produção diferente. Você sabe, o Saxon é uma banda 100% ao vivo. Então, eu posso alterar as coisas se o público deseja um som específico.

Poderia elencar seus trabalhos preferidos do Saxon?

Thunderbolt, Wheels of Steel e Denim & Leather.


O álbum mais recente, Thunderbolt (2018), é tão bom quanto qualquer outra na discografia da banda. Como seguir lançando discos interessantes atualmente?

Sou totalmente dedicado e focado em escrever e produzir boas composições.

Você era bem próximo do Lemmy, um ícone não apenas para o metal, mas também para o rock. Como a passagem dele o afetou?

Fiquei triste ao saber da morte dele, pois era um grande cara e amigo próximo.

A faixa "They Played Rock n Roll", do Thunderbolt (2018), é uma homenagem ao líder do Motörhead. Foi uma necessidade fazer algo assim para homenagear o velho amigo?

Na verdade, é a história de nosso primeiro encontro e turnê juntos com o Motörhead, uma excelente banda e grande influência.

Digamos que você não é mais tão jovem. A morte do próprio Lemmy e de outros rockeiros o fez refletir sobre partir desse mundo?

É algo que está sempre lá. Quando é a hora, não há o que fazer.

O que você diria a bandas novas de heavy metal que pretendem viver da música?

Tente, mostre algo diferente. E nunca desista.

O que uma banda precisa fazer para impressionar o velho Biff?

Se entregar 100%.

Por Homero Pivotto Jr./Abstratti Produtora

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