Review: Avenger – Prayers of Steel (1985, reedição com CD bônus)



Vou contar uma história. Meu primeiro contato com Prayers of Steel (1985), disco de estreia do Avenger, foi através do catálogo impresso que a Hellion Records enviava para todo o Brasil nas décadas de 1980 e 1990. Era um negócio imenso, com centenas de discos nacionais e importados. Lembro de escrever para a gravadora pedindo o catálogo e, após recebê-lo, fazer um pedido que incluía o Prayers of Steel em vinil.

Corta para o início dos anos 2000. Estou começando a escrever sobre música, e em uma das primeiras remessas que recebo de material promocional da Hellion sou surpreendido com um disco espetacular do Rage, o incrível Speak of the Dead (2006), que logo se tornaria um dos meus álbuns favoritos.

O que essas duas bandas têm em comum? Pra começar, são a mesma banda. O Rage começou como Avenger e lançou apenas o seu debut e o EP Depraved to Black (também de 1985) com esse nome, mudando em seguida para Rage. Outro ponto em comum é que no início da minha vida como colecionador de discos consegui itens interessantes para quem morava no interior do Rio Grande do Sul graças ao catálogo da Hellion. E anos mais tarde, quando decidi começar a escrever sobre música, descobri uma das minhas bandas favoritas devido ao material promo enviado pela gravadora.

Pois bem: Prayers of Steel foi relançado em CD pela Hellion no final de 2018, trazendo um disco bônus com material extra. Musicalmente, o que temos é uma banda em início de carreira executando o power metal com a tradicional qualidade alemã, porém sem a enorme dose de melodia dos seus conterrâneos – e também colegas de geração – do Helloween, cujo primeiro álbum, Walls of Jericho, também saiu em 1985. O Avenger tinha uma pegada mais voltada para o metal clássico, com riffs conduzindo as músicas e o vocal acima da média de Peter “Peavy” Wagner (também baixista). Na época a banda era um quarteto e contava também com o ex- Stratovarius Jörg Michael na bateria, além da dupla de guitarristas Jochen Schröder e Alf Meyerratken. O ataque da dupla de guitarras faz com que o som seja mais sólido, e ainda que ambos não fossem necessariamente virtuosos, derramam paixão e sinceridade em cada faixa.

De modo geral, Prayers of Steel é um disco apenas mediano de uma banda muito esforçada mas que já mostrava potencial, como ficaria comprovado nos anos seguintes. E, acima de tudo, é um dos clássicos perdidos do metal europeu dos anos 1980, responsável por apresentar ao mundo dois músicos que fariam história poucos anos depois: Peavy e Jörg. Essa nova edição de Prayers of Steel já possuiria um caráter colecionável por esses fatores, aspecto que fica ainda mais forte com o CD bônus, que traz nada mais que 16 faixas extras.

Quer conhecer mais sobre os primórdios do metal alemão ou é fã da música pesada germânica? Então eis aqui um item imperdível.

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