Review: Glenn Hughes - First Underground Nuclear Kitchen (2008)



Quando foi lançado em maio de 2008, First Underground Nuclear Kitchen, décimo-terceiro álbum solo do veterano Glenn Hughes, recebeu resenhas entusiasmadas de uma parcela considerável da crítica especializada, que apontou o disco como o melhor de Hughes em muitos anos. A pergunta é: seria para tanto?

Acompanhado por Chad Smith na bateria e Luis Carlos Maldonado na guitarra, além das participações em algumas faixas de JJ Marsh e George Nastos nas seis cordas, bem como dos tecladistas Anders Olinder e Ed Roth, Glenn passeia com propriedade e experiência pelo hard rock, pelo funk e pelo soul, gêneros fundamentais em sua formação. Aliás, o próprio título já deixa isso claro, pois as letras iniciais das palavras que batizam o álbum formam a palavra FUNK.

A abertura com "Crave" desce redonda. A faixa título é um hit bruto, com um refrão repleto de balanço, pronto para ser cantado a plenos pulmões por plateias ensandecidas ao redor do globo. Hughes acerta a mão no funk de "Love Communion", na sensibilidade soul de "Imperfection" e no peso de "Never Say Never", que coloca no mesmo caldeirão os dois principais universos musicais trilhados pelo artista em sua carreira: o hard rock e o funk.

Outro bom momento é a contemplativa "Too Late to Save the World", baladaça que demonstra, em todos os sentidos, o vocal privilegiado de Hughes. A doce "Where There’s a Will" fecha o álbum de maneira reconfortante, como um bálsamo depois da tempestade.

Um aspecto que me incomodou um pouco em First Underground Nuclear Kitchen foi a semelhança entre os andamentos funks do disco, com Glenn Hughes e Chad Smith não se aventurando pela fértil tradição criativa que o gênero possui. Quem conhece o estilo sabe que o que não falta é inovação e ousadia nas bases rítmicas dos grupos negros dos anos 1960 e 1970, por isso a insistência de Hughes em ficar dando voltas em torno de um mesmo lugar frustra um pouco. Exemplos disso são os grooves de "Love Communion" e "We Go to War", quase iguais. Uma ousadia um pouco maior seria muito bem-vinda.

Concluindo, First Underground Nuclear Kitchen é um bom álbum, mas está longe de ser um novo clássico como alguns apressados chegaram a pregar. Ainda prefiro Building the Machine, petardo lançado pelo baixista em 2001, esse sim um senhor trabalho, explorando todas as possibilidades do talento de Hughes. O interessante é que, com o seu envolvimento com o Black Country Communion e outros projetos, Hughes acabou gravando apenas mais um disco solo após esse, o bom Resonate, que saiu em 2016.

First Underground Nuclear Kitchen reserva bons momentos e irá agradar aos fãs. Vale a pena conhecer, ainda mais porque o trabalho ganhou uma edição nacional em CD pela Hellion Records na época do seu lançamento, que com alguma sorte você ainda pode encontrar pelo caminho.


Comentários

  1. Tenho todos do GH. Gosto muito desse disco principalmente a faixa título e Love Communion.
    Mas para mim o melhor continua sendo o Addiction. Trabalho muito subestimado, infelizmente.
    Parabéns pelo site

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