Camilo Solano é um dos mais promissores quadrinistas brasileiros. Chegando aos 30 anos, esse paulista vindo da pequena São Manuel acaba de lançar a sua nova HQ, O Fio do Vento, título que sucede as ótimas Desengano (2015) e Semilunar (2017). O quadrinho foi publicado pela Editora Veneta no formato 19x27 centímetros, com 100 páginas e capa brochura.
O Fio do Vento reafirma o papel de Solano como cronista
do cotidiano, apresentando pequenas histórias que colocam no papel a melancolia
e a desesperança de personagens que parecem não mais acreditar no mundo. O
traço carregado e muito influenciado pelo lendário Robert Crumb, um dos maiores
nomes do quadrinho underground norte-americano e que assinou o prefácio de Desengano,
reforça esse sentimento. A arte de Camilo é espetacularmente expressiva,
variando entre planos abertos e closes que realçam os anseios, os medos e os sonhos dos personagens. É algo realmente muito bonito de se ver, com uma personalidade
fortíssima e que fica melhor a cada novo trabalho.
Outro ponto sempre presente na obra de Solano é a música, e em O Fio do Vento ela se manifesta tanto através do veterano radialista que abre a HQ quanto no introspectivo Lábios de Mel, personagem que protagoniza a história do meio pra frente e traz doses generosas de lirismo para a narrativa.
A conclusão é mais um trabalho de inegável qualidade, que
mostra o porque de Camilo Solano ser elogiado tanto pelos leitores quanto pela
crítica. Um cara que vale a pena acompanhar, com HQs belíssimas no currículo e
com uma carreira que está apenas começando.
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