Terceiro álbum do Demon, The Plague é um peixe fora d’água
na discografia do grupo, um dos nomes mais cultuados da New Wave of British
Heavy Metal. Sucessor dos aclamados Night of the Demon (1981) e The Unexpected
Guest (1982), The Plague gera discussão até hoje. Uma parcela dos fãs o tem
como um dos melhores trabalhos da banda, enquanto outros o renegam há anos.
O que existe de diferente em relação aos discos
anteriores – e também aos que vieram na sequência – é que o Demon suavizou a
sua música, provavelmente de olho no que estava rolando no mercado
norte-americano na época. É bom lembrar que 1983 foi o ano do boom do glam
metal, com Metal Health, do Quiet Riot, alcançando o primeiro lugar na
Billboard e consolidando o estilo. Outro fator importante foi o crescimento da
MTV, embalado, em sua maioria, pelos clipes das bandas de hard californianas.
Pensando com a cabeça daquele tempo, uma mudança de sonoridade seria o caminho
mais curto para alcançar um público maior.
Quer dizer então que The Plague é um álbum de hair metal?
Não necessariamente. O Demon deixou a sua música menos agressiva agregando
elementos de outros estilos além do hard, sendo o mais notório de todos o rock
progressivo. Há uma presença constante de teclados, a alternância de dinâmicas
salta aos ouvidos e a suavidade toma a linha de frente quando comparamos as
nove faixas de The Plague com os trabalhos anteriores da banda. De certo modo, não
seria equivocado afirmar que trata-se de um álbum que aproxima o som dos
ingleses do AOR e traz ecos de grandes referências do estilo como Journey e
Kansas. Além da mudança na parte musical, nota-se uma alteração também no
aspecto lírico, com a banda deixando para trás as letras inspiradas em assuntos
sombrios e demoníacos e falando sobre os temas sociais e políticos pelos quais
a Inglaterra passava na época.
No entanto, o que fica claro é que, mesmo trilhando um
universo sonoro distinto, The Plague mostra que o Demon era uma banda que valia
a pena prestar atenção. A qualidade das ideias, as soluções melódicas e os
arranjos evidenciam o quanto os caras eram bons, e isso é algo que ia além dos
limites impostos por um gênero musical. Canções como “The Plague”, “Nowhere to
Run” e a excelente “The Writings on the Wall” são exemplos disso.
The Plague acaba de ser relançado pela Hellion Records
aqui no Brasil, com seis faixas bônus que trazem a mixagem original de algumas das canções
do álbum. Além disso, vale mencionar que a Hellion também disponibilizou os dois
primeiros CDs do grupo em edições nacionais, ambas igualmente com bônus.
Uma ótima oportunidade de conhecer uma das bandas mais
cultuadas do metal britânico, naquele que é o seu trabalho mais experimental.
Comentários
Postar um comentário
Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.