Mais de cinco anos separam Let’s Rock e Turn Blue. O novo
álbum do The Black Keys foi lançado em 28 de junho. Turn Blue, seu antecessor,
chegou às lojas em 12 de maio de 2014. Um tempão, ainda mais em um mundo tão
acelerado como o nosso, onde as novidades perdem a sua validade em questão de
dias – ou horas, dependendo do caso.
Let’s Rock é o nono álbum do duo formado pelo vocalista e
guitarrista Dan Auerbach e pelo baterista Patrick Carney. E é também o primeiro
em mais de uma década a não ser produzido por Danger Mouse. O “rato perigoso”
foi o grande responsável pela mudança de sonoridade do Black Keys a partir de
Attack & Release (2008), tornando o blues rock da banda extremamente cativante e mais próximo do pop, processo esse que deu ao mundo dois discos
espetaculares – Brothers (2010) e El Camino (2011) – e um nem tanto assim – Turn
Blue. Resumindo: a parceria com Danger Mouse transformou o Black Keys em uma das melhores e mais
festejadas bandas desta década.
Em Let’s Rock, a produção é de Dan e Pat, algo que não
acontecia desde o quarto álbum do grupo, Magic Potion (2006). Mas não pense que
isso significa uma volta à sonoridade suja e garageira dos anos iniciais.
Auerbach e Carney fizeram a lição de casa e aprenderam muito nos anos ao lado
do produtor, e isso fica claro nas doze músicas do novo disco. Elas formam um
conjunto que desce fácil e sem esforço, e, ao final dos pouco mais de 38
minutos de duração do álbum, você faz um esforço danado para não deixar o CD no
repeat.
O Black Keys retorna ao básico em Let’s Rock, como o
próprio título já antecipa. As faixas são curtas – a mais longa não chega a
quatro minutos -, diretas e básicas. É rock and roll alto astral e feito para
dançar, como todo o rock deveria ser feito. Há ecos dos anos 1950 e 1960
devidamente atualizados para a nossa época, sempre com refrãos que grudam feito
chiclete – apesar de a cola dessas gomas de mascar sonoras já não ser tão
eficiente quanto em Brothers e El Camino, é preciso dizer. As experimentações
de Turn Blue, onde a banda se afastou demais da sonoridade que a consagrou e
soou pop exageradamente, não chegam nem
perto de Let’s Rock.
“Shine a Little Light” abre os trabalhos e poderia estar
tranquilamente em El Camino. As linhas vocais de “Eagle Birds” são simples e
eficientes e formam uma receita perfeita com as batidas de Carney, mostrando
que inspiração não faltou para a dupla nestes cinco anos. “Lo/Hi” soa como se o
ZZ Top tivesse Dan e Pat na formação. “Walk Across the Water” é o momento mais
doce do álbum, uma linda balada que cativa o coração instantaneamente. A
malandragem onipresente da banda dá as caras nas deliciosas “Tell Me Lies” e “Get
Yourself Together”, enquanto “Every Little Thing” e “Sit Around and Miss You”
são puro Beatles com pegada Paul McCartney. E chega de falar das músicas porque já deu pra entender que o disco é ótimo, né?
Com Let’s Rock o Black Keys retoma o caminho de Brothers
e El Camino. O álbum soa como uma progressão natural dos dois discos mais
icônicos da dupla, e mostra que Dan Auerbach e Patrick Carney continuam tendo o
que dizer.
Sorte nossa que podemos ouvir.
Compartilho sua impressão sobre “Lo/Hi”!
ResponderExcluirUma das minhas melhores banda, ouço de forma clara a influencia do ZZ Top e do Blues, esse ultimo no qual sempre esteve muito presente na sonoridade.
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