O Homem Invisível, clássico absoluto de H.G. Wells, foi (provavelmente) o primeiro livro a tratar a invisibilidade com viés científico, mesmo que ficcionalmente. A inigualável fábula moral sobre paranoia, poder, assassinato e culpa já foi adaptada inúmeras vezes para outras mídias, mas ganha uma releitura na nova HQ publicada pela editora Pipoca e Nanquim. Escrita e desenhada por Jeff Lemire, a história em quadrinhos foi lançada em junho de 2019 em destacado trabalho editorial: capa dura texturizada, papel couché de alta gramatura e alguns extras.
Vencedor do Will Eisner Comic Industry Awars 2019 (o
“oscar” das HQs) por Black Hammer: Age of Doom, Jeff Lemire ainda
é autor das importantes Giddeon Falls, O Condado de Essex e O
Soldador Subaquático, além de ter escrito um arco para O Homem Animal da DC, posteriormente
indicado ao Eisner.
Lemire nos apresenta um protagonista com motivações
diferentes e menos questionáveis do que o da obra original, o que humaniza e
nos faz simpatizar com o cientista John Griffen, o Estranho que, enfaixado dos
pés à cabeça, chega à pequena cidade de Boca Larga. Contada da perspectiva de
Vickie, a adolescente que sonha em ir embora do lugarejo, a narrativa se
desenrola fluída e, aos poucos, vai revelando os segredos por trás da camada de
bandagens que cobre o corpo do Estranho.
Especialmente visual, a HQ desenhada com traços simples e utilizando apenas três cores (azul claro, preto e branco) reserva surpresas nos enquadramentos e layouts das páginas. Aqui, a arte é utilizada com sucesso como parte da narrativa e de pequenas pérolas metalinguísticas como a metáfora da borboleta. Esta, aliás, uma sequência muito bonita.
A HQ de Lemire, quase revisionista, entrega ao leitor toda a
força da parábola existencial que é a obra original. Porém, muito mais do que
isso, conta sua própria história.
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Por Fábio Brod
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