Review: Sabaton – The Great War (2019)


Provavelmente a mais importante e popular banda do power metal contemporâneo, o Sabaton lançou em julho o seu nono álbum, The Great War. Sucessor de The Last Stand (2016), o disco marca a estreia do guitarrista Tommy Johansson, que veio da banda sueca Majestica, onde também fazia os vocais principais. Como o Sabaton é uma banda rica em harmonias e arranjos vocais, Johansson se encaixa em dois pontos essenciais do grupo. Ele substituiu Thobbe Englund, que deixou o quinteto em 2016.

O Sabaton é uma das formações mais singulares do metal. Liricamente, as músicas dos suecos trazem sempre letras sobre guerras, batalhas célebres e atos de heroísmo, com o grupo contando uma grande e épica narrativa inspirada em fatos históricos. The Great War segue essa abordagem e traz onze músicas inspiradas na Primeira Guerra Mundial, que aconteceu entre 1914 e 1918. O conflito é frequentemente deixado em segundo plano quando comparado com os horrores da Segunda Guerra Mundial, porém foi uma das guerras mais sangrentas e violentas da história humana, com grandes confrontos corpo a corpo e a inserção de tecnologias e equipamentos que seriam fundamentais no futuro da indústria militar, como os tanques e os aviões.

Musicalmente o Sabaton faz um power metal com forte acento épico, sempre com arranjos grandiosos e eloquentes, onde a presença de coros vocais é uma constante e as harmonias vocais estão fortemente inseridas na sonoridade. O instrumental equilibra aspectos tradicionais do power metal e ingredientes mais atuais, com direito a andamentos criativos e timbres pouco habituais ao power, como os sutis elementos eletrônicos de “The Future of Warfare” e o muito bem-vindo órgão Hammond presente em “The Red Baron”, que fala sobre o lendário Manfred von Richthofen, piloto de caça alemão que ficou conhecido com o Barão Vermelho. Quem não está habituado com o som do Sabaton pode estranhar o sotaque carregado do vocalista Joakim Brodén, mas após um tempo esse estranhamento transforma-se em um elemento a mais na sonoridade da banda.

The Great War possui um conjunto de canções muito forte, com destaque “The Future of Warfare”, “Seven Pillars of Wisdom” (que fala sobre Thomas Edward Laurence, arqueólogo, militar e diplomata britânico que ficou conhecido como Lawrence da Arábia devido à sua atuação decisiva em diversos conflitos da década de 1910 no continente africano), a cativante “Devil Dogs” e seus coros incríveis, “The Red Baron” e suas linhas vocais similares à clássica “Easy Living” do Uriah Heep, a apoteótica “Great War” e a bela “The End of the War to End All Wars”. Uma dica é acompanhar as letras e receber, de brinde, uma bela aula de história enquanto um senhor disco de heavy metal toma conta dos ouvidos e alimenta o cérebro.

O álbum foi lançado em duas versões aqui no Brasil pela Shinigami Records: a normal e também em uma History Edition, onde cada uma das músicas é antecedida por uma locução que introduz o assunto da canção, além de contar com uma capa diferente e embalagem digipack.

Excelente CD e uma ótima oportunidade de conhecer uma das bandas mais singulares do metal atual.


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