Todo mundo tem uma lista de bandas injustiçadas, e a
minha é encabeçada pelo Sacred Reich. Liderada pelo carismático baixista e
vocalista Phil Rind, a banda surgiu em 1985 com Jeff Martinek (que seria substituido por Wiley Arnett)
e Jason Rainey nas guitarras, mais o grande Greg Hall na bateria. Foram quatro álbuns
desde sua estreia: Ignorance (1987), The American Way (1990), Independent (1993) e Heal (1996), esse
sendo o mais fraco. Em meio a isso o grupo ainda soltou o clássico EP Surf
Nicaragua em 1988.
A banda encerrou suas atividades após o lançamento do
álbum Heal e retornou pra algumas apresentações em 2007. Enfim, após 23 anos de
seu último disco de estúdio o quarteto apresenta Awakening, lançado no último
dia 23 de agosto.
O novo álbum traz Phil Rind, Joey Radziwill e Wiley Arnett nas guitarras e o gigante Dave McClain na
bateria, em seu primeiro trabalho após sair do Machine Head. McClain retorna à
banda, visto que foi dono das baquetas entre 1991 e 1997 gravando Independent,
Heal e o ao vivo Still Ignorant (1997).
Em pouco mais de trinta
minutos o play traz as principais e mais marcantes características da banda:
letras politicamente fortes, groove avassalador e raiva, muita raiva. “Awakening”
abre o disco de forma visceral, mostrando que o tempo fez muito bem ao grupo. “Divide
& Conquer” é facilmente uma das melhoras músicas do álbum e com uma letra
que bate direto no dias atuais - "Fueling the fire with disinformation, Ignorance and fear reign
supreme / Filling others with only
distrust, Shattering
all of our dreams" - e vai figurar como uma das grandes canções da história
da banda. “Salvation” traz aquele groove característico do álbum Independent,
pesada e absolutamente cativante. “Manifest Reality” é uma paulada que começa
cadenciada (de alguma maneira lembra “Inner Self”, do Sepultura), pra depois
deixar a casa cair, um thrash em sua essência com destaque para os bumbos do
menino McClain e o vocais do Phil Rind, que estão impecáveis. “Killing Machine”
é empolgante, simples em sua execução e com uma letra desconfortavelmente atual.
“Death Valley” é a mais fora
da curva do disco, um som que poderia figurar no set de qualquer banda de fora do
metal, e a primeira audição traz uma certa estranheza que some com o tempo.
Aqui a letra é o grande destaque, mas vale notar como Phil Rind tenta não se
acomodar e cria algumas camadas interessantes para os vocais. “Revolution” aparece
como uma das grandes canções da história da banda, thrash visceral e um refrão
marcante, trazendo as grandes características do quarteto à tona. Essa vai ser
obrigatória nos sets ao vivo da banda. E “Something to Believe” encerra o disco
de maneira grandiosa, baixo forte, bateria cadenciada e riffs marcantes. O refrão
lembra "Free", música do álbum Independent, o que não diminui as
qualidades da música.
Awakening não é um simples
disco de retorno, é um daqueles registros que não sabíamos o quanto
precisávamos. Surpreendentemente necessário nos dias atuais, com letras
inteligentes, músicas fortes e grandes músicos envolvidos. Só nos resta torcer
para que não tenhamos que esperar outros 23 anos pelo próximo lançamento.
Por Daniel Vianna
O Heal é fraco? Caramba, tem certeza que vc não confundiu ele com o Independent? Em tempo: quem toca bateria no Still Ignorant é o Greg Hall (ele voltou para a banda quando Dave MCclain foi para o Machine Head)
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