Review: Sacred Reich – Awakening (2019)



Todo mundo tem uma lista de bandas injustiçadas, e a minha é encabeçada pelo Sacred Reich. Liderada pelo carismático baixista e vocalista Phil Rind, a banda surgiu em 1985 com Jeff Martinek (que seria substituido por Wiley Arnett) e Jason Rainey nas guitarras, mais o grande Greg Hall na bateria. Foram quatro álbuns desde sua estreia: Ignorance (1987), The American Way  (1990), Independent (1993) e Heal (1996), esse sendo o mais fraco. Em meio a isso o grupo ainda soltou o clássico EP Surf Nicaragua em 1988.

A banda encerrou suas atividades após o lançamento do álbum Heal e retornou pra algumas apresentações em 2007. Enfim, após 23 anos de seu último disco de estúdio o quarteto apresenta Awakening, lançado no último dia 23 de agosto.

O novo álbum traz Phil Rind, Joey Radziwill e Wiley Arnett nas guitarras e o gigante Dave McClain na bateria, em seu primeiro trabalho após sair do Machine Head. McClain retorna à banda, visto que foi dono das baquetas entre 1991 e 1997 gravando Independent, Heal e o ao vivo Still Ignorant (1997).

Em pouco mais de trinta minutos o play traz as principais e mais marcantes características da banda: letras politicamente fortes, groove avassalador e raiva, muita raiva. “Awakening” abre o disco de forma visceral, mostrando que o tempo fez muito bem ao grupo. “Divide & Conquer” é facilmente uma das melhoras músicas do álbum e com uma letra que bate direto no dias atuais - "Fueling the fire with disinformationIgnorance and fear reign supreme / Filling others with only distrust, Shattering all of our dreams" - e vai figurar como uma das grandes canções da história da banda. “Salvation” traz aquele groove característico do álbum Independent, pesada e absolutamente cativante. “Manifest Reality” é uma paulada que começa cadenciada (de alguma maneira lembra “Inner Self”, do Sepultura), pra depois deixar a casa cair, um thrash em sua essência com destaque para os bumbos do menino McClain e o vocais do Phil Rind, que estão impecáveis. “Killing Machine” é empolgante, simples em sua execução e com uma letra desconfortavelmente atual.

“Death Valley” é a mais fora da curva do disco, um som que poderia figurar no set de qualquer banda de fora do metal, e a primeira audição traz uma certa estranheza que some com o tempo. Aqui a letra é o grande destaque, mas vale notar como Phil Rind tenta não se acomodar e cria algumas camadas interessantes para os vocais. “Revolution” aparece como uma das grandes canções da história da banda, thrash visceral e um refrão marcante, trazendo as grandes características do quarteto à tona. Essa vai ser obrigatória nos sets ao vivo da banda. E “Something to Believe” encerra o disco de maneira grandiosa, baixo forte, bateria cadenciada e riffs marcantes. O refrão lembra "Free", música do álbum Independent, o que não diminui as qualidades da música.

Awakening não é um simples disco de retorno, é um daqueles registros que não sabíamos o quanto precisávamos. Surpreendentemente necessário nos dias atuais, com letras inteligentes, músicas fortes e grandes músicos envolvidos. Só nos resta torcer para que não tenhamos que esperar outros 23 anos pelo próximo lançamento.

Por Daniel Vianna

Comentários

  1. O Heal é fraco? Caramba, tem certeza que vc não confundiu ele com o Independent? Em tempo: quem toca bateria no Still Ignorant é o Greg Hall (ele voltou para a banda quando Dave MCclain foi para o Machine Head)

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