Review: Slipknot – We Are Not Your Kind (2019)



Quase cinco anos após .5: The Gray Chapter (2014), o Slipknot retorna com seu sexto álbum, We Are Not Your Kind. Produzido por Greg Fidelman (Metallica, Black Sabbath, Slayer), o disco é o segundo a contar com o baixista Alessandro Venturella e com o baterista Jay Weinberg, substitutos do falecido Paul Gray e do icônico Joey Jordison. A nova baixa é a saída do percussionista Chris Fehn, ocorrida durante a gestação do trabalho.

We Are Not Your Kind não teve um parto fácil. O período entre um disco e outro foi marcado pelo fim do casamento de Corey Taylor, com o vocalista tornando pública a sua luta contra a depressão, e com o bizarro esfaqueamento do guitarrista Mick Thomson, que teve uma faca inserida na sua cabeça pelo próprio irmão.

O álbum traz quatorze músicas e traz o Slipknot andando para frente e não se limitando a reciclar ideias já apresentadas em discos anteriores. Isso se dá tanto pela inclusão de ingredientes óbvios como a maior presença de vocais limpos de Taylor e alguns trechos acústicos, quanto pela inserção de elementos não tão óbvios como a aproximação com o krautrock em “Red Flag” e com a eletrônica sombria do Depeche Mode em “Spiders”.

Celebrado de forma instantânea pela crítica – o álbum ganhou nota máxima no The Independent, na Kerrang! e na NME -, We Are Not Your Kind é realmente muito bom. O disco é mais consistente que The Gray Chapter e traz uma participação muito mais efetiva de Weinberg, retomando assim a violência percussiva característica dos primeiros anos da banda. A agressividade e o peso são outros pontos de destaque, em uma alusão direta ao segundo disco do grupo, Iowa (2001), mas no novo trabalho essa hostilidade musical é adornada por uma dose muito maior de melodia e recebe vocais mais dóceis em diversos momentos, em um processo que parece muito mais alinhado à maturidade dos músicos do que a uma busca por um som mais acessível.

Entre as faixas, destaque para a assertividade de “Unsainted” (não à toa escolhida como primeiro single), para a união entre peso e melodia de “Birth of the Cruel”, para a ótima e cativante “Nero Forte”, o refrão pegajoso e a fúria instrumental de “Critical Darling”, para a densa e bonita balada “A Liar’s Funeral”, para a inovação e aproximação com a eletrônica na excelente “Spiders” e o peso cortante de “Orphan”.

We Are Not Your Kind, como todo álbum do Slipknot, pede algumas audições para ser assimilado. A massa sonora da banda é sempre um desafio, e aqui ela segue espessa e afiada. Tendo a mão forte de Corey Taylor e do percussionista Shawn Crahan no comando, a banda norte-americana gravou um dos seus melhores discos tanto musical quanto liricamente – a saúde mental permeia a maioria das letras, em um trabalho que merece inegável destaque.

A espera de cinco anos foi recompensada e a sempre alta expectativa, alcançada.


Comentários

  1. Discaço, em todos o s níveis, tanto lírica quanto musicalmente, e nem sou fanzaço. É uma banda reverenciando seu passado e raízes, sem no entanto, deixar de olhar pra frente! Mergulhem porque compensa!

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  2. Na primeira audição já senti o clima denso do album. O peso está bastante presente e tb achei as musicas com uma variação mais interessante.

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