O Soen é uma banda única. A sonoridade destes suecos tem
como alicerce o prog metal, mas vai muito além. Tem horas em que o peso fica
bem em segundo plano e somos apresentados a trechos mais abstratos, em que
referências da era de ouro do rock progressivo ditam o tom. Em outros, o som do
quinteto ganha o acompanhamento de uma forte carga percussiva. Os vocais sempre
limpos e cristalinos reforçam essa sensação de dicotomia, com uma agradável
acessibilidade que ajuda a destrinchar a intrincada parte instrumental.
Lotus é o quarto trabalho do quinteto formado por Joel
Ekelöf (vocal), Cody Ford (guitarra), Lars Åhlund (teclado), Stefan Stenberg (baixo) e Martin
Lopez (bateria). O principal atrativo nos primeiros anos da trajetória da banda
– o primeiro disco, Cognitive, saiu em 2012 – era o fato de se tratar do novo
grupo de Lopez, baterista do Opeth entre 1997 e 2006. Hoje, as pessoas ouvem o
Soen porque já entenderam que a música da banda vai muito além de referências
ao passado de um ou outro integrante.
Na
verdade, em um exercício de imaginação, não estaria muito longe da verdade quem
definisse o som do Soen como uma espécie de união entre o Opeth dos anos recentes e o Tool. Se você ficou curioso para saber o que sairia dessa junção, devo
dizer que a audição dos álbuns do quinteto suprirá as suas expectativas, e com
sobras.
Com nove faixas, Lotus é o trabalho mais completo da
carreira do Soen. O trio anterior – Cognitive, Tellurian (2014) e Lykaia (2017)
– apresentou um crescendo criativo e uma construção de identidade, que em Lotus
encontra o seu ápice. Todas as faixas são muito boas, apresentam
desenvolvimentos inesperados e surpreendentes.
Abrindo mão da estrutura padrão do rock e do metal, o
Soen não se preocupa com elementos como os refrãos, por
exemplo. Pra falar a verdade, eles são bem raros em todo o disco. Em
compensação, somos brindados por doses frequentes de melodias tocantes e linhas
vocais bastante emocionais, tudo amparada por um instrumental que varia entre ensolarado
e denso, entre etéreo e explosivo.
Entre as músicas gostei muito da abertura com
“Opponent”, a belíssima “Lascivious”, “Covenant”, os ecos de Pink Floyd em
“River” e o fechamento com a incrível “Lunacy”. Mas, independente de gosto
pessoal, trata-se de um álbum com um tracklist que impressiona.
Lotus é um disco espetacular. O melhor trabalho do Soen e
um fortíssimo candidato a disco do ano. A expressão máxima de uma banda que
chega à sua maturidade brilhando de maneira intensa e deixando claro que os
próximos anos seguirão sendo pródigos em belos álbuns.
Concordo que é forte candidato a disco do ano. É bom de cabo a rabo.
ResponderExcluirImpressionante o álbum! Estou ouvindo sem parar desde sua chegada, e a versão em vinil é maravilhosa! Grande banda!
ResponderExcluirFiquei bastante tempo ouvindo o album, realmente muito bom!
ResponderExcluirAcabei de ouvir outra vez para ter certeza, um dos 3 melhores albuns do ano.
ResponderExcluirO Soen de Lotus é muito diferente do Soen de Cognitive e Tellurian, evoluíram sim,mas ainda gosto mais da fase antiga...ainda tenho que ouvir mais o disco novo e assim talvez digerir melhor
ResponderExcluirBaita álbum!
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