A coleção de discos de Marcelo Pardin: Queen, classic rock e amor pela música



Pra começar, obrigado por mostrar a sua coleção para a Collectors Room. De onde você é, o que faz e como iniciou a sua relação com a música?

Eu que agradeço, Ricardo. Para mim é uma honra, realmente. Sou fã da Collectors Room desde os tempos do Whiplash, quando a mesma era uma coluna do site. Bom, nasci em São Caetano do Sul (SP) em dezembro de 1981. Mudei-me para o Mato Grosso, mais precisamente para a região conhecida como Vale do Jauru, na divisa com a Bolívia, em dezembro de 1987 e, desde então, estou aqui. Considero-me mato-grossense de coração, portanto. Sou advogado há cerca de 5 anos, mas desde os tempos de infância vivo no meio, pois meu pai milita na profissão há 32 anos.

Minha relação com a música começou cedo! Ainda criança, morando em São Paulo, era ouvinte passivo (tenho duas irmãs mais velhas, adolescentes há época) de coisas como Michael Jackson, Cindy Lauper, Bee Gees, Madonna, Stevie Wonder (que teve em “I Just Called to Say I Love You” meu primeiro hit, que adorava cantarolar para os parentes ... rsrs), ABBA, Rod Stewart, dentre muitos outros “monstros” da música pop. Após minha família e eu mudarmos para o MT, cresci ouvindo música sertaneja (também passivamente). Porém, o referido estilo nunca caiu em meu gosto. Continuei ouvindo as mesmas coisas pop através das famigeradas fitas K7 que, ora eram gravadas dos rádios, ora compradas em lojas de música (que já sumiram aqui na região há tempos). Por volta de 1992, perto dos 11 anos, um amigo apresentou-me uma fita k7 de um certo Raul Seixas. Aquilo bateu forte em mim. Imagine, estudava numa escola Adventista e estava maravilhado com coisas como “Rock do Diabo” (risos). Daí em diante foi consequência.

Quantos discos você tem em sua coleção?

Atualmente tenho 312 CDs, 81 DVDs, 21 Blu-rays, 34 LPs (sem individualizar os discos em cada box) e 76 livros relacionados à música, dentre biografias e autobiografias. Minha coleção é pequena. Estou montando-a, ainda.. Porém, dificilmente passarei dos 1.000 itens.







Por que você coleciona discos?

Pelo lance físico, de pegar a mídia nas mãos. Pela graça de pegar o encarte, ler as letras, a ficha técnica, quem gravou o que, quando e aonde. Isso não tem preço. Não sei, Ricardo, pode parecer “chover no molhado”, pois penso que deve ser a sensação da maioria dos colecionadores, mas seu não tiver o produto em mãos, físico, eu não tenho a música. Respeito o streaming, até assino, mas é um lance de pesquisa, de ouvir, gostar e depois adquirir o LP ou CD. Assim como prefiro livros físicos, prefiro mídia de música, da mesma forma, física. Aquela coisa de chegar na sala de música, escolher o que quer ouvir, retirar da prateleira, colocar pra tocar, sentar na poltrona e acompanhar pelo encarte, reitero, não tem preço!!

Quando você começou a colecionar discos?

Por volta de 2015 a 2016. Nos anos 1990,CDs eram muito caros. Tinha um amigo (saudoso Rafael Serafini, que Deus o tenha) que seu pai tinha uma coleção maravilhosa de CDs e alguns poucos, mas bons, LPs. Então ia até a casa dele e fazia cópias em K7s. Quando me tornei adolescente e descolei os primeiros trampos nunca me toquei em comprar mídia física, mesmo que sempre amei a música e vivi em torno da mesma. Vendo as entrevistas da CollectorsRoom, sobretudo nos tempos da Whiplash, nasceu a ideia de, por que não, colecionar a mídia física das bandas que tanto amo. Não critico quem só vive do streaming, sabe. Mas acho que você só tem realmente a experiência da música com o CD, LP, DVD ou Blu-ray em mãos. Desde criança sempre curti ver encartes, arte gráfica, produção, o que e quem tocou determinado instrumento, quando foi gravado e onde, enfim. Assim, quando comecei a descolar uma grana razoável na profissão, por volta de 2014/2015, iniciei a minha coleção, a qual tenho muito orgulho, inobstante ser simples. 




Qual foi o seu primeiro disco?

Meu primeiro disco foi o CD do U2, Under a Blood Red Sky, comprado em 1º de março de 1997 (sim, lembro-me até da data!!). Não conhecia o U2 na ocasião. Achei a capa sinistra (não, ainda não conhecia blackmetal ... risos) e fiquei interessado. Quando a música “Gloria” começou no som fiquei arrepiado. Certas experiências a gente não esquece. Esse foi o primeiro CD que comprei com meu próprio dinheiro. Porém, ganhei o LP Lick it Up do Kiss de um colega, por volta de 1996. Considero esse meu primeiro vinil.

Como você organiza a sua coleção?

Pela ordem de discografias. As completas, passando pelas parcialmente completas, e assim por diante. Ainda não posso dar-me o luxo de colecionar por ordem alfabética. Estou iniciando.

Onde você guarda a sua coleção? Em um móvel exclusivo ou conseguiu resolver com estantes?

Comprei um armário e estou guardando no mesmo para evitar poeira. Estou pensando seriamente em comprar plásticos protetores de CDs face os digipacks, que merecem um cuidado maior. Mas o armário citado tem portas e vai quebrando o galho por enquanto. Os DVDs e Blu-rays deixo num armário também, mas este não tem portas. Os livros ficam num rack devidamente guardados e com portas fechadas. Infelizmente tive alguns desses livros com folhas amareladas. Os discos ficam numa prateleira juntamente com os boxes. No futuro, quando tiver o sonho da casa própria, quero fazer uma sala de música com móveis planejados para acomodar tudo o que tenho.





Que dica de conservação você dá pra quem coleciona discos?

Na verdade preciso me atentar mais ao quesito conservação. No momento evito a poeira, bem como a exposição ao sol, além de deixar os CDs e livros num armário com portas fechadas. Os DVDs estão numa estante e os box numa prateleira, mas, como acima citado, sem porta.

Como você se relaciona com a sua coleção? Deixa tudo na estante ou ouve regularmente os discos?

Evito tira-los do lugar que estão. Já fiz algumas modificações, mas a configuração atual é a melhor, conforme descrito acima. No futuro, quero comprar móveis mais adequados para guardá-los. 

Qual a sua banda e o seu gênero musical favoritos?

Bom, quem me conhece lá no grupo da Collectors e nas redes sociais, sabe que o Queen é minha eterna banda favorita. Fiz algumas loucuras pela banda, como comprar alguns box limitados com preços absurdos e ir assistir a banda na O2 Arena, em Londres, ano passado. Acho que, se a gente é fã de determinado artista, todo o esforço é válido. A vida é muito curta para arrependimentos e o amanhã nunca sabemos. Então, vamos realizar os sonhos! Meu gênero musical favorito é o chamado “classic rock”. Além do Queen, minhas outras bandas preferidas são Led Zeppelin, Black Sabbath, Kiss, DeepPurple, AC/DC, U2, Metallica, Motörhead, The Beatles, The Rolling Stones, The Who, Pink Floyd, Rush, Iron Maiden, Fleetwood Mac (período pop em diante), Eric Clapton, Nirvana, Sepultura, dentre outros.






De quais bandas você possui mais itens em sua coleção?

Fora o citado Queen, também tenho a discografia do Black Sabbath, Led Zeppelin, Beatles, Legião Urbana e, quase lá, do U2, AC/DC, Metallica e Pink Floyd. Tenho várias discografias pela metade, mas estou correndo atrás.

Quais são os itens que você mais curte em seu acervo?

Sem dúvida os boxes! O The VinylCollection e o Live At Wembley Stadium – Super Deluxe Edition, ambos do Queen, que são sensacionais. Curto muito também o Live atPompeii, versão deluxe, do David Gilmour, bem como a caixa do The End, também versão deluxe, do Black Sabbath. Aprecio igualmente as versões LP 180 gramas do Alive III e do Unplugged, ambos do Kiss, em versões caprichadíssimas.

Além dos discos, coleciona algum outro item?

Sim! Livros! Muitos livros! Amo biografias, sobretudo de bandas e músicos, mas também de personalidades da história. Curto muito, também, história e mistérios. Tenho vários livros da editora DarkSide Books, que faz um trabalho excepcional.




Onde você compra seus discos e quais lojas indica?

Compro nas viagens que faço, na agora vendedora de LPs a Amazon BR e o Mercado Livre, mas sobretudo com meu amigo Fábio Romano (ele tem perfil no Facebook), que além de descolar meus pedidos encontra raridades como o Live at Wembley´86 Super Deluxe, do Queen. Também compro na Saraiva sempre que vou a Cuiabá, e com menos frequência em sebos. 

Qual o valor cultural e pessoal de ter uma coleção de discos?

O valor certamente é inestimável. Tenho um filho de 16 anos (que infelizmente não mora comigo) que não se ligou muito na música. Estou no meu segundo casamento (e espero o último, não quero dar uma de Fábio Júnior ... risos) e pretendo ter filhos nos próximos anos. Quero tentar repassar aos mesmos o amor à música, à mídia física, até porque alguém tem de herdar isso aqui (risos). Meus discos são minha válvula de escape das chateações de minha profissão, altamente estressante. Não sei o que seria da minha vida sem eles. O Spotify não tem esse poder, acreditem. Nada como chegar em casa, colocar o CD ou LP para tocar, sentar em minha poltrona e esquecer da vida, seja apenas ouvindo a música, seja olhando os detalhes do encarte.





O que significa não apenas ser um colecionador de discos, mas seguir comprando itens físicos quando a maioria das pessoas ouve música hoje em dia através de streaming?

Significa, ao meu ver, fazer a diferença. Respeito quem apenas ouve música por streaming, mas para mim apenas isso seria inviável. Moro numa cidade pequena e sempre que vou ao correio buscar a preciosa encomenda. Alguns, ao saberem que se trata de um LP ou CD, fazem o clássico comentário “ah, mas você pode baixar de graça” ou “mas e o Spotify?”. Seguir adquirindo mídia física é manter a chama queimando, dos bons tempos em que se você quisesse ouvir música, ou ia ouvir a rádio ou comprava o produto do artista para ouvir em casa. Gostamos de nossos artistas, portanto temos que dar o devido feedback em seus trabalhos comprando seus produtos. É uma resposta simplista e não sei se estou sendo pragmático, mas é por aí.

Qual o papel da música na sua vida?

Tudo. Abaixo de Deus e de minha família, tudo. Não sei o que seria da minha vida sem música. A mesma está ligada em todos os momentos que vivi, bons, ruins, alegres ou tristes. Pessoas vieram, pessoas foram, mas a música sempre permaneceu e acredito que permanecerá até o final. Imaginem que mundo sem graça deve ser o das pessoas que não gostam de música?





Valeu, Marcelo. Pra fechar, indique um disco da sua coleção para os nossos leitores.

Ricardo, eu agradeço pelo espaço, por permitir eu mostrar minha humilde coleção. Quero aproveitar o espaço e mandar um abraço para a galera lá do grupo do WhatsApp da Collectors, bem como aos leitores do blog. Sobre a indicação, estou ouvindo muito o Rumours por esses dias, do Fleetwood Mas. É um disco clássico, mas você que está lendo essa entrevista tire-o para ouvir hoje. Um álbum que você nunca cansa dele. Parabéns pelo canal no YouTube, Ricardo, que merecidamente tem crescido. Aproveito a oportunidade para pedir licença e indicar o canal do amigo Wes Wax, também, que faz um trabalho excepcional. Um forte abraço a todos e especial a você, Ricardo. Rock and roll never die!!!
  













Comentários

  1. Gostei da coleção, muito bem selecionada. Só classicos. Parabéns !

    ResponderExcluir
  2. Ótima coleção
    Pequena mas muito bem selecionada.
    Um abraço

    Aliás, se o querido editor se interessar, tenho uma coleção de aproximadamente 4 mil itens entre vinis, CDs e DVDs
    Abraços

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Basta enviar um e-mail para falacollectorsroom@gmail.com sobre a sua coleção e daí conversamos, Fernando.

      Excluir
  3. Bela coleção e acompanhando a evolução da midia de alta qualidade.
    Entendo que o melhor é ter tempo para o vinil , cd , dvd e bd ou seja, se você tem um equipamento que responde plenamente a estes formatos, excelente.
    Ricardo ótima entrevista e Marcelo PARABÉNS!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.