A depressão não é "mimimi", não tem nada a ver com a "falta de Deus" e a sua solução passa longe de mandar alguém "carpir um lote". Se você acha isso, enfim, vá seguir outro site mais alinhado com o seu modo equivocado de entender a vida.
Senhor Milagre é um personagem clássico da DC Comics que ganhou uma interpretação atual pelas mãos do roteirista Tom King e do artista Mitch Gerards. O texto é inteligente, a arte é de encher os olhos.
A série saiu em dois volumes no Brasil e recebeu diversos prêmios mundo afora. Sua primeira página mostra o personagem principal tentando tirar a própria vida, e tudo que vem depois é consequência disso. Sua esposa, Grande Barda, segura as pontas e é o alicerce da trama, e o casal acaba tendo o seu primeiro filho durante a trama.
Senhor Milagre é uma leitura espetacular e uma indicação fácil para quem gosta de quadrinhos e histórias bem contadas. Mas não é fácil definir o que é a depressão. Ela atinge pessoas pobres e ricas, com família e sem família, com filhos e solitárias, todas do mesmo jeito. Depressão talvez seja sentir falta de algo que nem mesmo nós sabemos o que seja. É sentir um vazio impossível de ser explicado. É variar entre dias bons e ruins. E viver tudo isso em um mundo cada vez mais competitivo, acelerado e onde as coisas mais importantes perdem valor dia a dia em detrimento de aspectos não tão essenciais assim.
Ver tudo isso ser abordado em uma história em quadrinhos da DC Comics, a mesma editora que publica Batman e Superman, ajuda a desmitificar uma doença que atinge milhões de pessoas, mesmo sem elas mesmo saberem.
Tom King, o autor de Senhor Milagre, escreveu a HQ durante a sua luta contra a depressão. Ex-soldado do exército dos EUA, lutou em guerras, experimentou o stress pós-traumático e coloca essa experiência em seus trabalhos. Eu leio Senhor Milagre na metade da minha vida, após experimentar sensações e viver experiências que não sabia explicar na época, mas hoje vejo como elas foram similares ao que King me conta nessa HQ.
Vida pra frente. Um dia, e uma página, de cada vez. Porque a vida vale a pena, acima de tudo.
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