Décimo filme de Rob Zombie, Os 3 Infernais (3 From Hell
no título original) retoma a saga da família de serial killers Firefly,
iniciada em A Casa dos 1000 Corpos (2003) e contada com mais detalhes em
Rejeitados pelo Diabo (2005). O roteiro mostra o que aconteceu com o trio Baby
Firefly (interpretada por Sheri Moon Zombie, esposa do diretor e vocalista),
Otis Driftwood (vivido por Bill Moseley) e o palhaço Capitão Spaulding (um dos
últimos trabalhos do ator Sid Haig, falecido no final de setembro) após o final do filme de 2005.
Há um sério problema em Os 3 Infernais, e ele é na
verdade um conjunto de fatores. O principal é a expectativa em relação ao
filme. Rejeitados pelo Diabo é considerado, de forma unânime, o melhor trabalho
de Zombie como diretor – eu também gosto muito da sua releitura para o clássico
Halloween, que rendeu dois filmes lançados em 2007 e 2009 -, e o intervalo de
quase quinze anos em relação à essa sequência fez com que o hype fosse lá para
cima. O roteiro, escrito pelo próprio Rob Zombie, é fraco e confuso, além de
muitas vezes sem pé nem cabeça, e passa a sensação de ser um trabalho
obrigatório previsto em contrato do que algo que o diretor estivesse realmente
a fim de produzir. Some-se a isso interpretações que variam entre caricatas
(Moseley perdeu a mão no assustador Otis do filme anterior) a irritantes
(Sheri está, com o perdão da palavra, ridícula no papel de uma Baby que almeja
ser descontrolada mas só consegue gerar vergonha alheia), e temos o pacote completo
para um desastre cinematográfico. Nem a trilha sonora, um dos pontos altos de
Rejeitados pelo Diabo, consegue se salvar em Os 3 Infernais.
Zombie utiliza uma abordagem semelhante à de Oliver Stone
no fenomenal Assassinos por Natureza (1994), onde serial killers cruéis porém
extremamente carismáticos são transformados em ícones pela cobertura da mídia,
gerando identificação em uma parte do público que, mesmo sabendo que seus atos
são condenáveis, torce para que eles se safem no final. É o anti-heroísmo
levado ao pé da letra. Esse ponto de partida poderia ser o fio condutor de uma
história interessante e bastante alinhada com os tempos atuais, onde a grande
mídia é amplificada e discutida através da redes sociais, porém essa abordagem
se perde rapidamente, com o filme se transformando em uma espécie de road movie
carregado de cenas gore gratuitas. Os diálogos são fracos, sem a
inspiração do filme de 2005, e isso se reflete também na direção de fotografia,
que é apenas convencional e não consegue entregar a fartura de momentos visuais
emblemáticos que vimos em Rejeitados pelo Diabo. A participação
pequena de Haig também contribui para isso, com o terceiro alicerce do trio
diabólico passando para as mãos de um personagem não mencionado nos filmes
anteriores e vivido por Richard Brake.
Totalmente desnecessário, Os 3 Infernais é a grande
decepção da carreira de Rob Zombie como diretor até esse momento. A sequência
de seu melhor trabalho e um dos grandes filmes de horror da década de 2000, o
ótimo Rejeitados pelo Diabo, é um banho de água fria no espectador e, além
disso, gera também um ponto de interrogação a respeito da trajetória
cinematográfica de Zombie. A incapacidade mostrada em diversos aspectos de Os 3
Infernais – roteiro praticamente inexistente, direção fraca, ritmo e montagem
confusos – faz pensar se Rob Zombie não faria uma escolha melhor focando em sua
carreira musical e pondo fim à sua aventura no cinema.
Resumindo: um filme péssimo e que não vale o tempo perdido para assisti-lo.
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