Quadrinhos: Saga – Volume Nove, de Brian K. Vaughan e Fiona Staples (2019, Devir)


Publicada desde 2012, Saga é uma das melhores séries de quadrinhos da atualidade e já possui o status de clássico contemporâneo. Motivos para isso não faltam: o roteiro de Brian K. Vaughan é muito bem construído e bebe em arquétipos consagrados ao mesmo tempo em que conversa com narrativas marcantes da literatura, cinema e televisão. Já a arte de Fiona Staples é de cair o queixo, com um dos traços mais belos e refinados que os quadrinhos já viram. Some-se a isso uma história de amor entre planetas rivais (olha o Romeu e Julieta de William Shakespeare aí), viagens pelo espaço e encontros com personagens sempre inusitados (o design dos heróis e vilões remete à imprevisibilidade de Star Wars, com elementos que unem tecnologia ao ser humano) e uma sensação onipresente de que tudo pode acontecer com todo mundo, inclusive os protagonistas (George R.R. Martin e seu sanguinário Game of Thrones mandam lembranças), e você tem uma HQ que é simplesmente apaixonante.

Este nono encadernado de Saga alcança a publicação original norte-americana, com a Devir trazendo para o público brasileiro as 54 edições da revista criada por Vaughan e Staples. No momento a série encontra-se em um hiato nos Estados Unidos, e após o final da leitura Brian explica porque – uma dica: leia o encadernado antes de colocar os olhos na carta do autor.




Com capa dura, 152 páginas e papel couché, Saga Volume Nove vai entretendo o leitor com uma história mais calma do trio de personagens principais (o casal Alana e Marko e sua filha Hazel), que curtem um merecido descanso após literalmente fugirem por quase todo o cosmos. Há momentos família, demonstrações de amor, sexo, paixões fortes e diversão, que aos poucos vão se transformando em algo mais complexo e violento, culminando em um final chocante. Vaughan e Staples constroem uma narrativa que respeita a inteligência do leitor e não usa subterfúgios gratuitos para justificar falhas de roteiro – e elas não existem, é bom deixar claro. O que quero dizer é que o roteiro de Saga é imprevisível e cheio de surpresas como a própria vida, e a maneira como a história foi contada durante esses nove encadernados faz com que o leitor se importe não só com a família de protagonistas, mas com todos os personagens. Logicamente, esse aspecto torna os percalços e as perdas mostradas na HQ doloridas para quem é fã da série, e isso é um grande elogio para os autores.

Saga é a melhor série de quadrinhos publicada no Brasil já há alguns anos. Não tem canal no YouTube enchendo a bola, não tem influencer exagerando nos reviews, não tem crítico babando ovo. E isso, sinceramente, não importa, e por um motivo simples: Saga anda com as próprias pernas e é uma HQ absolutamente incrível. Não à toa, ganhou 12 prêmios Eisner, o Oscar dos quadrinhos – e contando ...

Tem gente que reclama do preço dos quadrinhos. HQ ruim e supervalorizada sempre sai caro, aprenda de uma vez. Aqui, acontece exatamente o inverso: Saga vale cada centavo. 

Leia, e compre, já!

Comentários