O sucesso do G3, projeto criado por Joe Satriani com o
objetivo de reunir grandes guitarristas em turnês conjuntas, moldou a forma
como a música instrumental dentro do rock passou a ser apresentada para o
público. A primeira tour aconteceu em 1996 e trouxe Satriani ao lado de Steve
Vai e Eric Johnson, rendendo um CD e um DVD excelentes. A iniciativa segue na
ativa até hoje.
Fazendo um pouco de exercício, podemos olhar mais para
trás e identificar a ideia do G3 em outro projeto. No início dos anos 1980 os
guitarristas Al Di Meola, Paco de Lucía e John McLaughlin, três dos maiores
nomes do jazz e do fusion no período, reuniram forças em um álbum ao vivo
chamado Friday Night in San Francisco (1981), parceria essa que seria retomada
em The Guitar Trio, disco lançado no mesmo ano de 1996 em que o G3 veio ao
mundo.
Pois bem. O Generation Axe é o G3 de Steve Vai. O
guitarrista chamou Zakk Wylde, Yngwie Malmsteen, Nuno Bettencourt e Tosin Abasi
para uma turnê nos mesmos moldes daquela que fez com Satriani e
Johnson. Ou seja: performances conjuntas e momentos em que apenas um
instrumentista fica no palco mostrando o seu trabalho. Como todo mundo
já conhece Zakk, Malmsteen e Nuno, vale uma breve apresentação sobre Abasi. O
guitarrista nigeriano faz parte do Animal as Leaders, um dos principais nomes
do prog metal norte-americano, mas que não é muito comentado aqui no Brasil. Seu
trabalho é espetacular e ele possui uma técnica de cair o queixo, como todos os
envolvidos no projeto. O trio Nick Marinovich (teclado), Pete Griffin (baixo) e
Matt Garstka (bateria) forma a banda de apoio.
O disco traz onze músicas gravadas durante a passagem do
projeto pela China em 2017. Musicalmente temos momentos de fusions
desconcertantes, técnica pura em algumas músicas, fritação em outras e algumas
versões para clássicos de outras bandas (Zakk Wylde manda “Whipping Post” da
Allman Brothers Band e o quinteto executa de maneira conjunta “Highway Star”,
do Deep Purple, e “Frankenstein”, do Edgar Winter Group).
Os destaques ficam por conta de “Tempting Time” com Tosin
Abasi, “A Side of Mash” com Nune Bettencourt, “Frankenstein” e para a participação
de Yngwie Malmsteen com um medley com clássicos de sua carreira e uma versão
para a icônica “Black Star”. Aqui, vale uma conclusão: apesar de Malmsteen
estar bastante perdido em sua carreira solo nos últimos anos – Blue Lightning,
álbum de blues que o sueco lançou este ano, é um dos seus piores discos -,
ao vivo Yngwie ainda é uma lenda e mostra o porque no Generation Axe. Tanto a
performance primorosa quanto a aclamação do público ratificam isso.
Se você, assim como eu, é um fã de música instrumental,
vai curtir muito esse registro ao vivo do Generation Axe.
Lançamento nacional da Shinigami Records.
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