Review: Jordan Rudess – Wired for Madness (2019)



Jordan Rudess entrou para o Dream Theater em 1999 e estreou no excelente e já clássico Metropolis Pt. 2: Scenes From a Memory, lançado naquele mesmo ano. E ainda que uma parcela de fãs da banda norte-americana nutra uma antipatia inexplicável pelo tecladista, pessoalmente o considero um músico excepcional que ele já escreveu o seu nome entre os grandes.

Wired for Madness é o novo álbum de Rudess e mais uma adição para uma discografia que conta com mais de dez discos solos, isso sem contar os trabalhos gravados ao lado do Dream Theater, Liquid Tension Experiment, projetos paralelos e participações especiais. Falando nelas, Jordan conta com convidados de peso em Wired for Madness: Rod Morgenstein (Winger, Dixie Dregs) toca bateria em “Wired for Madness Part 1”, “Off the Ground”, “Just for Today” e “Why I Dream”; Marco Minemann (Steve Wilson, The Aristocrats) assume as baquetas em “Wired for Madness Part 2”; Elijah Wood (Shania Twain, Gwen Stefani) é a dona da bateria em “Drop Twist” e “Perpetual Shine”; James LaBrie, colega do Dream Theater, canta em “Wired for Madness Part 2”; John Petrucci, outro chapa do Dream Theater, faz o solo de “Wired for Madness Part 2”; Guthrie Govan (Steve Wilson, The Aristocrats) sola em “Off the Ground”; Vinnie Moore (UFO) é o dono do solo de “Why I Dream”; Joe Bonamassa coloca a sua classe no solo de “Just Can’t Win”; e mais uma turma menos famosa mas tão talentosa quanto bate ponto no álbum.

Musicalmente, Jordan Rudess entrega em Wired for Madness um álbum com pouco mais de uma hora de duração e que passeia entre o prog, o fusion, o metal e o jazz, sempre com longas e intrincadas passagens instrumentais e vocais em uma ou outra faixa. Além do teclado, Jordan assume também o vocal e a guitarra, e é o autor de todas as composições. O disco abre com duas grandes suítes que trazem o nome do trabalho – a primeira com mais de dez minutos e a segunda superando os vinte -, e traz mais seis faixas. Ou seja, é um disco para fãs de progressivo, para quem curte uma abordagem mais intrincada e que foge totalmente do apelo instantâneo tão comum na música atual. Resumindo: é um disco cabeçudo, e não há problema nenhum nisso.

Rudess bebe prioritariamente em influências de progressivo clássico como Yes, Genesis e Gentle Giant, flerta com os caminhos seguidos por Frank Zappa em referências do fusion como Hot Rats (1969) e The Grand Wazoo (1972) e traz, claro, aspectos da sonoridade do Dream Theater, principalmente no trabalho de teclado – o que é óbvio, já que ele é o tecladista da banda. Há menos peso que no Dream Theater, e isso abre espaço para Rudess mostrar outras características da sua musicalidade, o que é bastante saudável.

A exuberância percussiva e os andamentos nada convencionais de Marco Minemann são um destaque imediato em “Wired for Madness Part 2”. E, ao ouvir a criatividade técnica e cheia de feeling do baterista alemão, é de se perguntar o porque de ele não ter sido o substituto de Mike Portnoy no Dream Theater, já que fez o teste para o posto mas acabou sendo preterido por Mike Mangini, que logicamente também é um ótimo baterista, mas, pelo menos aos meus ouvidos de fã, soa sem alma nos discos que gravou com a banda – a exceção é o mais recente álbum da lenda do prog metal, Distance Over Time, onde Mangini está claramente mais solto que nos três discos anteriores com o Dream Theater.

Ainda que em alguns momentos o álbum passe a sensação de trazer ideias que não foram totalmente desenvolvidas, é um trabalho que ganha força devido à execução impecável e à qualidade indiscutível dos músicos.

Lançamento nacional via Hellion Records.

Comentários

  1. " é de se perguntar o porque de ele não ter sido o substituto de Mike Portnoy no Dream Theater, já que fez o teste para o posto mas acabou sendo preterido por Mike Mangini,"

    A resposta, creio eu, está mais em quem Marco é como do que em como ele toca.

    Marco Minnemann é um cara difícil, digamos assim. Ele não toca mais com Steven Wilson pq já tretou com ele. E praticamente não é (e nunca foi) fixo em nenhuma banda (exceção ao The Aristocrats - mas que não é uma banda full time, como é o DT).

    Além disso, o cara consegue ser meio escroto em alguns momentos. Tem uma famosa entrevista dele na qual, após ser perguntado sobre as audições no DT, ele dá uma desdenhada gigantesca na banda, diz que foi fazer o teste mais pela amizade com o Jordan e que nem conhecia as músicas da banda direito e não tinha muito interesse também. Eu me pergunto: foi fazer o que lá, então?

    À época da escolha de um novo baterista, o Marco era o meu favorito e até lamentei que ele não foi o escolhido. Posteriormente, revi minha opinião. É um baterista fantástico, mas já deixou bastante claro que seria uma escolha bem equivocada da banda, por motivos extra-musicais.

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