Sexto álbum do Metallica, lançado dia 4 de junho de 1996.
Gravado entre maio de 1995 e fevereiro de 1996 no estúdio
The Plant, na California.
Produção de Bob Rock ao lado de James Hetfield e Lars
Ulrich.
Musicalmente ela dá sequência à sonoridade apresentada no
disco anterior, o multiplatinado Black Album (1991), mas enfatizando ainda mais
a abordagem hard rock e deixando o lado metal em segundo plano.
Esse direcionamento desagradou uma grande parcela dos
fãs, o que, somado ao fato de a banda aparecer com os cabelos curtos, maquiagem
e um visual inspirado no rock alternativo, intensificou ainda mais o
afastamento dos antigos apreciadores e a rejeição ao disco.
É um trabalho muito rico musicalmente e traz elementos de
rock, blues, country, southern rock, rock alternativo e até mesmo pop, como
fica claro em “Hero of the Day”.
Segundo Lars Ulrich: “Load representa, na minha opinião,
o que o Metallica realmente é: uma banda que explora sonoridades diferentes.
Acredito que no momento que você parar de explorar novas possibilidades, você
morreu artisticamente”.
A banda demorou cinco anos para lançar o sucessor do
Black Album, o disco que mudou a sua história e colocou o Metallica de maneira
definitiva no pequeno grupo de mega bandas do rock.
Não há praticamente nenhum elemento do passado thrash
metal nas quatroze músicas do disco. A única exceção está na abertura com
“Ain’t My Bitch”, uma música que conversa de maneira muito mais harmônica com o
período inicial da banda do que todas as faixas presentes em Black Album.
Uma das principais razões para esse distanciamento dos
discos iniciais percebido na maioria das músicas de Load está na forma como as
guitarras de James Hetfield e Kirk Hammett foram tocadas no disco. Ao invés dos
riffs pedalados, agressivos e rápidos, a dupla experimentou tons e estilos mais
alinhados com o blues rock. Isso fez com as músicas soassem, musicalmente, mais
distantes da sonoridades thrash tradicional do grupo.
Lars também optou por um modo de tocar mais minimalista,
deixando de lado a velocidade e as viradas e seguindo um caminho mais simples.
Em relação à Kirk Hammett, Load é o primeiro disco do
Metallica onde ele gravou também as guitarras bases, que antes eram todas
feitas por James no estúdio.
É o disco mais longo da carreira do Metallica, com 79
minutos de duração.
Como o CD só suporta 79 minutos, “The Outlaw Torn” teve
que ser cortada em cerca de um minuto para caber no disco, e a sua versão
completa foi lançada apenas no single de “The Memory Remains”, do próximo
disco, Reload (1997).
Apenas quatro das quatorze músicas de Load nunca foram
tocadas ao vivo: “The House Jack Built”, “Cure”, “Thorn Within” e “Ronnie”.
A capa de Load causou polêmica entre os fãs por trazer
uma foto do fotógrafo norte-americano Andres Serrano clicada em 1990 intitulada
Sêmen e Sangue III. Na imagen, Serrano misturou sangue bovino com o seu próprio
sêmen para criar a composição.
James nunca gostou da capa e falou sobre ela em uma
entrevista para a revista inglesa Classic Rock: “Lars e Kirk gostavam muito de
arte abstrata, fingindo que eram gays. Eu acho que eles sabiam que isso me
incomodava. Foi uma afirmação em torno de tudo isso. Eu amo arte, mas não para
chocar os outros. Eu acho que a capa do Load foi apenas um mijo em torno de
tudo isso. Eu fui junto com a maquiagem e toda essa porcaria louca e estúpida
que eles acharam que precisávamos fazer na época”.
A capa também apresentou um novo logotipo do Metallica,
deixando bem claro o quanto o disco representava uma mudança e uma ruptura com
o passado.
O M do logo clássico também passou a ser utilizado como uma abreviação, em uma espécie de estrela ninja semelhante a um shuriken japonês.
O M do logo clássico também passou a ser utilizado como uma abreviação, em uma espécie de estrela ninja semelhante a um shuriken japonês.
Essa logo abreviada só com o M passou a ser utilizada pelo Metallica em vários materiais, desde capa de discos, singles até posteres e materiais de merchandising da banda.
O encarte traz várias imagens da banda clicadas pelo
fotógrafo holandês Anton Corbijn, que também possui uma longa associação com o
U2. Nessas fotos o Metallica aparece com figurinos que destoam totalmente do
que a banda usava até então, e que, como previsto, causaram rejeição nos fãs.
James também comentou sobre isso: “Lars e Kirk deram a direção
nesses discos. Era tudo sobre 'precisamos nos reinventar'. Imagem não
é algo ruim para mim, mas se a imagem não é você, não representa você, não faz
muito sentido. Eu acho que eles estavam realmente seguindo um tipo de vibração
meio U2, com esse lance do Bono ter um alter ego e tal”.
Analisando a parte lírica, muitos críticos consideram que
estão em Load as letras mais pessoais e introspectivas de James, intensificando
o que ele já havia feito no álbum anterior.
“Ain’t My Bitch” abre o disco com uma letra sobre raiva e
o desejo de ficar sozinho.
“2x4” fala sobre o uso desnecessário da violência.
“The House Jack Built” fala sobre uma casa que é o único
lugar onde nos sentimos seguros. Para alguns, a letra traz alusões a drogas e a
tal casa do título é a mente de cada indivíduo.
“Until It Sleeps” fala da luta perdida da mãe de James
contra o câncer, tema que ele já havia abordado antes em “Dyers Eve” de ... And
Justice for All e em “The God That Failed” do Black Album.
“King Nothing” fala sobre as pessoas obcecadas em
conseguir tudo e se tornarem “reis do nada”.
“Hero of the Day” critica as pessoas que buscam heróis nas
histórias retratadas pela mídia, quanto na verdade os verdadeiros heróis estão
ao nosso lado a vida toda.
“Bleeding Me” fala sobre uma pessoa que está sendo
torturada mentalmente.
“Cure” fala sobre o desejo de conseguir uma cura, uma
solução, para uma situação difícil.
“Poor Twisted Me” fala sobre como os mais pobres são
ignorados pelas pessoas.
“Wasting My Hate” fala sobre estar cansado de sentir ódio
de alguém.
“Mama Said” explora o relacionamento de James com
Cynthia, a sua falecida mãe, e de como ele queria se distanciar dela até
perceber que, com a sua morte, gostaria de a ter por perto novamente.
“Thorn Within” fala sobre uma pessoa que é culpada por um
erro que é imperdoável para todos ao seu redor.
“Ronnie” conta a história de um garoto que um dia decide
ir para a escola e atirar contra todos os seus colegas.
E “The Outlaw Torn” fala sobre perder alguém que morreu
subitamente e a dificuldade em encontrar outra pessoa para preencher esse
sentimento.
A recepção da crítica para Load foi bastante mista.
A Rolling Stone deu nota 4 de 5 para o álbum e afirmou
que o disco unia o rock curtido pelos motociclistas nos velhos tempos com o
lado sombrio do pós-grunge dos anos 1990.
A Melody Maker disse que o disco não era tão pesado
quanto os anteriores, em alguns momentos soava exaustivo e causava
estranhamento nos fãs.
O AllMusic deu nota 2,5 de 5 e considerou o disco
repetitivo, desinteressante e mal executado.
O álbum rendeu quatro singles: “Until It Sleeps”, “Hero of the Day”, “Mama Said” e “King Nothing”.
Load vendeu 680 mil cópias na primeira semana de
lançamento, indo direto para o primeiro lugar da Billboard, onde permaneceu
quatro semanas. Foi a melhor estreia de um álbum do Metallica e a melhor
estreia de um álbum durante todo o ano de 1996.
Load chegou ao primeiro lugar em quatorze países, vendeu
cinco milhões de cópias nos EUA, dois milhões de cópias na Europa e um total de
12 milhões de discos em todo o mundo.
E um fato curioso que ratifica toda essa mudança é que a
banda foi a atração principal da sexta edição do Lollapalooza, que rodou os
Estados Unidos em 1996 e que desde sempre foi um festival voltado para o
público alternativo e que sempre ignorou o metal.
MINHA OPINIÃO
Gosto muito de Load, sempre gostei. Ele sempre soou aos meus ouvidos como a evolução natural
do Black Album.
Traz na abertura uma das melhores e menos comentadas
músicas do Metallica, “Ain’t My Bitch”.
“2x4” é levada por um riff de guitarra clássico, enquanto
“Until It Sleeps” é um hard pop conduzido pelo baixo de Jason Newsted e uma
cativante linha vocal de James. Uma das melhores músicas do disco.
Em “The House Jack Buit” podemos ouvir um solo de guitarra usando talkbox.
“King Nothing” é bem a linha do Black Album, com
andamento cadenciado, bastante peso e um riff sabbathiano.
Já “Hero of the Day” flerta com o rock alternativo e tem
um clima meio Pearl Jam, além de trazer uma letra inspiradora. No entanto,
sempre achei essa música uma das piores do álbum, mas conheço amigos que
adoram.
“Bleeding Me” no entanto é demais, a minha preferida do disco, com um clima atmosférico no início e um peso mastodôntico, onde mais uma
vez as lições de Tony Iommi são seguidas à risca pelo Metallica.
“Mama Said” traz para a ordem do dia a influência de
Lynyrd Skynyrd que Cliff Burton tanto apreciava, em uma balada totalmente
southern rock e que entrega uma das melhores interpretações vocais de James
Hetfield.
E “The Outlaw Torn” fecha o disco com uma tour de force
de quase dez minutos com andamento cadenciado e arranjo sensacional.
É um disco que ficou estigmatizado devido à mudança de
visual da banda, à capa polêmica e à atitude principalmente de Lars e Kirk na
época do lançamento. E isso, pra quem conhece o mundo do metal e o público de
metal, bate muito forte em que é fã de música pesada, apesar de soar estranho
para quem não está habituado com esse mundo.
Aqui fica evidente a personalidade inquieta e aventureira
da banda, que sempre caminhou e olhou para frente. Isso gera boas músicas
e outras nem tanto, mas é fundamental para a banda se manter viva e criativa.
Mas o saldo final é muito mais positivo do que negativo,
o que faz o disco ter um ar de injustiçado por todos esses motivos listados.
O primeiro disco do Metallica que comprei na vida, aos 12 anos. Era uma época em que a relação com a música era mais visceral pois eu ñ conseguia distinguir o q cada instrumento fazia. Segue saindo muito bom pra mim.
ResponderExcluir