História: a chegada de Andreas Kisser e a evolução do Sepultura em Schizophrenia



Schizophrenia é o segundo disco do Sepultura e foi lançado em 30 de outubro de 1987.

O álbum foi gravado em agosto de 1987 no J.G. Studios, em Belo Horizonte, e lançado pela Cogumelo Records.

A produção foi da própria banda ao lado do técnico Tarso Senra, que trabalhou em diversos álbuns clássicos da cena mineira daquela época como I.N.R.I. (1987) do Sarcófago e a compilação Warfare Noise (1986), e também no EP Bestial Devastation, lançado pelo Sepultura em forma de split com Século XX, do Overdose, em 1085.

Schizophrenia é o último disco do Sepultura lançado pela Cogumelo. A banda chamou a atenção da gravadora norte-americana Roadrunner Records, que licenciou o LP internacionalmente e acabaria assinando um contrato com o quarteto logo depois, segundo a lenda sem nunca ter visto a banda se apresentar ao vivo antes


O álbum marca também a estreia de Andreas Kisser na guitarra, iniciando a formação clássica do grupo. Antes do Sepultura Andreas fez parte de um trio chamado Esfinge, que tocava covers de bandas como Black Sabbath, Ozzy Osbourne, Iron Maiden e Metallica. Ele também cantava nesse trio. Mas a primeira banda de verdade de Andreas foi o Pestilence, que gravou em 1987 uma demo chamada Slaves of Pain, mas infelizmente durou muito pouco. Essas músicas acabariam sendo retrabalhadas pelo Sepultura nos álbuns Schizophrenia e Beneath the Remains (1989).

Percebe-se uma clara mudança de estilo em relação a Morbid Visions, disco de estreia do Sepultura, lançado um ano antes. Enquanto o debut trouxe um som que se equilibrava ente thrash, death e até mesmo black metal (por conta do conteúdo das letras), em Schizophrenia o Sepultura fincou os dois pés no thrash metal.

Kisser comentou sobre o que ele trouxe ao Sepultura quando se juntou à banda: “Vim com algumas novas influências - metal tradicional e um estilo mais melódico. Foi um encontro imediato de mentes. Nós entendemos de onde vínhamos musicalmente e sabíamos que poderíamos encontrar uma maneira de juntar todas as nossas influências e fazer a música funcionar”.


A produção bem melhor em relação ao álbum anterior, bem como um melhor trabalho de composição, ajudou a chamar a atenção para a banda, com o disco se transformando em objeto de desejo entre apreciadores de metal extremo em todo o planeta já naquela época.

O álbum traz nove faixas, e a partir de 1990 todas as versões passaram a incluir uma regravação de “Troops of Doom”, de Morbid Visions, realizada com a nova formação e registrada em 1990.

Destaques para “From the Past Comes the Storms”, “To the Wall”, “Escape to the Void” e para nova versão de “Troops of Doom”.

Uma curiosidade é que o tecladista Henrique Portugal, que alguns anos depois faria parte do Skank, toca teclados e sintetizadores em algumas passagens do disco.


Para o AllMusic, "Schizophrenia introduziu um som totalmente novo ao fundir thrash e death metal, e tudo com uma enorme evolução instrumental e também nas composições e na produção. É uma transformação impressionante e quase milagrosa em relação ao disco anterior".

O site 80 minutos escreveu que "com esse disco, o Sepultura começaria a ser o gigante que se tornou e aqui foi a porta de entrada para o auge. Com certeza a evolução é sentida como um todo nesse álbum e o grupo manteria essa vertente thrash por mais alguns discos ainda, no entanto eles conseguiriam se superar".

A Roadie Metal afirmou que "mais técnico, mas sem perder a agressividade e com foco na velocidade, Schizophrenia apresentou um Sepultura muito mais maduro, tanto em matéria de sonoridade quanto liricamente. Sem ele, álbuns como Beneath the Remains (89) e Arise (91) seriam impossíveis e a banda, provavelmente, nunca teria se tornado gigante como se tornou. Indiscutivelmente, um grande prelúdio para o que viria em seguida".


A versão em vinil traz na contracapa a frase A INVEJA DOS MEDÍOCRES NOS TORNA CADA VEZ MAIS FORTES, já exteriorizando as rixas que marcaram a cena mineira, sendo a maior de todas a briga entre Sepultura e Sarcófago, cujo líder, Wagner Lamounier, foi vocalista da banda nos primeiros anos de carreira do grupo, entre 1984 e 1985.

Existe uma versão remaster lançada em 1997 e que trouxe três faixas bônus: "The Past Reborns the Storms", que é a versão demo de "From the Past Comes the Storms", mais novas mixagens para "Septic Schizo" e "To the Wall".

O disco foi relançado pela Cogumelo em CD em 2014, e ganhou também uma versão da Cogumelo em parceria com a Polysom em vinil de 180 gramas lançada em 2013.

Assista abaixo a análise em vídeo de Schizophrenia, e inscreva-se em nosso canal no YouTube: 

Comentários

  1. E acredito que o Morbid era Black até na estética, havendo inclusive comprovação de que Max e Fenriz se correspondiam. Sepultura, de fato, influenciou a cena norueguesa, especialmente nos riffs. A turma atribuí ao Euronymous a criação do tradicional riff clássico do Black Metal, mas não sei, não...

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